Exportações de móveis e colchões registram quarto aumento consecutivo

Importações, por outro lado, ainda preocupam o setor e exigem respostas eficazes de proteção à indústria brasileira, avalia Abimóvel

Publicado em 28 de junho de 2024 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Na quarta alta consecutiva de 2024, as exportações brasileiras de móveis e colchões somaram US$ 59,5 milhões em abril, marcando um aumento de 0,7% em relação a março, quando a atividade já havia crescido 4,6% sobre o mês anterior.

É o que revela a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) a partir de levantamento realizado pelo Iemi com exclusividade para o Projeto Setorial Brazilian Furniture, idealizado em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Este crescimento contínuo reflete uma leve, mas consistente recuperação do setor, que acumulou alta de 0,6% no primeiro quadrimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado.

O cenário de longo prazo, no entanto, ainda apresenta desafios: “Estamos observando um crescimento gradual nas exportações, mas a competição com produtos importados, especialmente da China, continua sendo uma preocupação”, afirma Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel.

 Emissões GEE e sequestro de carbono na indústria moveleira

Isso porque as importações no setor apresentaram uma alta de 74,6% no primeiro quadrimestre deste ano e de 48,8% nos últimos 12 meses. Houve, no entanto, recuo de 2,1% na passagem de março para abril, com a balança comercial de móveis e colchões permanecendo positiva, com superávit de US$ 36,5 milhões no quarto mês do ano e mais de US$ 126,7 no quadrimestre.

Este declínio nas importações pode ser visto como um alívio para os produtores nacionais, porém, a tendência de substituição de bens domésticos por importados se mantém como um sinal de alerta.

Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), essa substituição é impulsionada pela competitividade dos preços de produtos importados, especialmente os chineses, frente aos elevados custos de produção no Brasil, decorrentes de altas taxas de juros e de um sistema tributário oneroso. A falta de fiscalização eficaz e práticas de dumping também agravam o cenário para a indústria nacional.

Conforme aponta Nota Econômica nº 33 da CNI, um terço dos setores industriais registrou queda na produção ao mesmo tempo em que aumentou a importação de bens de consumo em 2023. Entre os setores mais impactados estão madeira, vestuário, couro, metalurgia, produtos diversos, produtos de metal e móveis.Exportações brasileiras de móveis e colchões

Isenção para produtos importados

A Abimóvel, junto a outras entidades do setor produtivo nacional, apoia a aprovação do projeto de lei que revisa a isenção para produtos importados de até US$ 50. “A injustificável desigualdade na tributação entre a produção nacional e as importações de até 50 dólares, via plataformas internacionais de comércio eletrônico, precisa ser revertida urgentemente. É impossível que a indústria e o comércio nacionais, que pagam em média 45% de impostos federais embutidos nos preços, concorram com os produtos importados que pagam muito menos”, ressalta a CNI em nota.

É imprescindível ressaltar que a injustiça tributária está tirando empregos de brasileiros e reduzindo a arrecadação federal, prejudicando o equilíbrio fiscal do país. Com a perda de vendas para importações não tributadas, quase 500 mil empregos deixam de ser gerados na indústria e no comércio nacional: cerca de 80% desses trabalhadores ganham até dois salários-mínimos e 65% são mulheres.

Além dessa correção, para reverter esse cenário, o setor industrial brasileiro deve buscar formas de se beneficiar da Nova Política Industrial, visando a modernização das fábricas e a promoção de uma indústria verde. Medidas como a depreciação acelerada de ativos, que permite uma rápida recuperação do investimento em máquinas e equipamentos, são fundamentais para incentivar a modernização tecnológica.

“A adoção de tecnologias de automação e digitalização, além de práticas sustentáveis para reduzir custos operacionais e melhorar a competitividade são fundamentais e devem ser apoiadas por meio de incentivos governamentais, sendo essa uma questão de necessidade para a sobrevivência dos negócios e a manutenção da economia nacional, que depende da geração de emprego e renda provinda da indústria”, é enfático o presidente da Abimóvel.

No setor de móveis, especificamente, a Abimóvel lidera ações com foco no incremento à competitividade para empresas de todos os portes. No caso dos micro e pequenos negócios moveleiros, o PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração do Mobiliário), realizado em parceria com o Sebrae Nacional (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), oferece suporte na melhoria da capacitação, inovação e gestão eficiente com foco no mercado interno e na adaptação também às demandas internacionais.Exportações brasileiras de móveis e colchões

Projeto Brazilian Furniture

Para indústrias moveleiras com potencial exportador, o Projeto Brazilian Furniture, este organizado em parceria com a ApexBrasil, promove a internacionalização das marcas e produtos nacionais por meio de uma série de ações estratégicas, incluindo a participação em feiras e missões internacionais, fortalecendo a presença e ressaltando os diferenciais do mobiliário e do design brasileiro no mercado global. Estratégias adicionais incluem o desenvolvimento de design integrado à indústria, a adoção de práticas de produção eficiente e gestão sustentável, além do investimento em inovação para agregar valor aos produtos.

“A indústria brasileira tem capacidade para crescer de maneira sustentável e eficaz, fator que ressalta ainda mais a necessidade de políticas eficazes para proteger a indústria nacional e fomentar sua competitividade no mercado internacional. Precisamos fortalecer a presença do mobiliário brasileiro no mercado global e ressaltar nossos diferenciais de design e sustentabilidade”, finaliza Munhoz.

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