Produção de móveis e colchões tem leve avanço
Nos últimos meses de 2022, a produção de móveis e colchões apresentou leve avanço, segundo dados da Abimóvel
Publicado em 11 de janeiro de 2023 | 11:31 |Por: Thiago Rodrigo
A Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário) aponta que a produção de móveis no Brasil foi de cerca de 32 milhões de peças em outubro de 2022. Aumento de 0,5% em relação ao mês anterior. Dessa forma, o acumulado no ano, que vinha a -17,9% até setembro, passou para -17,6% entre janeiro e outubro. Nos últimos 12 meses a queda é de 18,5%.
Os primeiros dados a serem divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2023, indicam novo avanço também no mês de novembro (cerca de +3,6%). O que deverá colaborar positivamente na trajetória de desempenho da indústria moveleira nacional no acumulado de 2022.
Para o fechamento do ano, janeiro a dezembro, a estimativa do Iemi – Inteligência de Mercado (responsável pelo levantamento dos indicadores oficiais do setor, com exclusividade para a Abimóvel), é de que a produção de móveis no País tenha experimentado uma queda de 12,4% no total de peças fabricadas em 2022 frente ao desempenho de 2021. Um volume projetado em torno de 388 milhões de peças produzidas no último ano. Em 2021, foram 443 milhões.
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Apesar de estar no campo negativo em relação ao ano anterior, a projeção indica leve retomada no ritmo produtivo na indústria de móveis após um período difícil para o setor moveleiro, que enfrenta diversos obstáculos internos e externos de ordem econômica e política em um mundo que ainda luta contra uma pandemia, enquanto vivencia uma crise inflacionária e graves conflitos internacionais. Encarando, ainda, um descompasso na cadeia de abastecimento global e entraves logísticos que encareceram, bem como prejudicaram a produção, além de terem enfraquecido as exportações, que vinham a níveis recordes.
No mercado interno, a queda no poder de compra da população e a dificuldade no acesso ao crédito, além de incertezas em relação ao futuro e a demanda reduzida por móveis e colchões contribuem para um fechamento de ano aquém das expectativas tanto na indústria quanto no varejo, após um período bastante aquecido e amplamente atendido no setor em 2021, quando o consumo ainda se mantinha sob efeito do isolamento social e do impacto gerado pelo incremento da renda por meio de benefícios públicos no País.
Ainda assim, a confiança dos empresários na indústria de móveis cresceu no final do último ano: passando de 47,4 pontos em novembro para 50,7 em dezembro. O indicador, porém, ficou abaixo do registrado no último mês de 2021, quando a confiança do empresário industrial no setor de móveis era de 53,7 pontos, segundo levantamento realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). A pesquisa varia de 0 a 100 pontos: valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário e abaixo de 50 indicam falta de confiança.
Diante de tal cenário, a receita da indústria de móveis alcançou o montante de R$ 6,1 bilhões em outubro de 2022, aumento de 1,1% sobre o mês anterior. Com o avanço, a queda no faturamento passou para -11,4% no ano. Para o fechamento de 2022, estima-se queda de 4,4% em valores nominais, somando-se aproximadamente R$ 76,3 bilhões em receita na indústria.
Balança comercial no setor moveleiro
Quando se trata da Balança Comercial no setor de móveis, esta permaneceu consideravelmente favorável em 2022, apesar da atenuação das exportações, acumulando US$ 634,4 milhões entre janeiro e novembro. O que aponta para um bom fechamento de ano.
O Brasil importou cerca de US$ 9,8 milhões em móveis e colchões em outubro de 2022, o que representou uma alta de 5,4% na comparação com o mês anterior. Já no mês seguinte, em novembro, as importações tiveram queda de 10,1%, atingindo o montante de US$ 8,8 milhões.
Nas exportações, houve queda de 2,9% em outubro frente a setembro, quando foram comercializados US$ 65,3 milhões em móveis e colchões brasileiros para o exterior. Em novembro de 2022, as exportações voltaram a apresentar alta, dessa vez de 2,9% em relação ao mês anterior, atingindo o valor de US$ 67,2 milhões.
Varejo de móveis e colchões
No varejo, as vendas, em volume de peças, cresceram 4,8% em outubro na comparação com setembro (quando havia sofrido queda de 6,6%). O aumento, portanto, não foi suficiente para contornar o recuo no acumulado do ano, que subiu para -11,4% entre janeiro e outubro. Em 12 meses, a queda foi de 12,5%.
Em valores nominais, as vendas também registraram alta em outubro no comparativo com o mês anterior: +6%, totalizando R$ 8,7 bilhões no mês. Com o resultado, o acumulado de janeiro a outubro ficou positivo em 2,3%. Já em 12 meses, o crescimento ficou estável, em +0,5%.
Tal comportamento de queda no volume, mas crescimento da receita no varejo de móveis é justificado especialmente pela evolução dos preços do mobiliário devido ao impacto inflacionário no setor ao longo do ano, maior do que a média geral do País (+5,13%).
Uma boa notícia é que, segundo o IPCA, ou seja, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, os preços nacionais de mobiliário finalmente experimentaram queda, mesmo que modesta, no mês de novembro em relação ao mês anterior: -0,43%. Com isso, o acumulado no ano, que era de +17,5% até outubro, passou para +16,56% no penúltimo mês de 2022.
O preço médio dos móveis no varejo foi de R$ 270,54 por peça em novembro de 2022. Já o preço médio dos colchões ficou em R$ 585,76 por peça em igual mês.
Para o fechamento de 2022, janeiro a dezembro, a tendência é de retração no volume de vendas no varejo de móveis e colchões: o Iemi projeta queda de 6,5% frente ao desempenho de 2021, com cerca de 388 milhões de peças comercializadas. Apesar do recuo na passagem de 2021 para 2022, o desempenho é 2,1% maior do que em 2019, ano pré-pandemia sob condições mais regulares de mercado.
Em receita, a expectativa é que a alta se mantenha: +3,5%, chegando a R$ 109,3 bilhões em valores nominais das vendas.