Sinais positivos movimentam o mercado
Maio trouxe sinais de recuperação na confiança do consumidor, do comércio e das empresas, indicando uma retomada, mas a confiança ainda permanece frágil
Publicado em 1 de julho de 2025 | 10:12 |Por: Júlia Magalhães

Maio registrou um alívio para o setor moveleiro, com indicadores de confiança mostrando recuperação e destacando dados do FGV IBRE., com sinais de recuperação na confiança do consumidor, do comércio e das empresas, segundo dados da FGV IBRE.
Este movimento reflete não apenas uma retomada da atividade econômica, mas também um ambiente de incerteza e desafios macroeconômicos que continuam impactando as decisões de consumo e investimento.
Com inflação ainda alta e juros elevados impactando o crédito e instabilidade no cenário global, o setor moveleiro precisa de criatividade e capacidade de adaptação para transformar o otimismo em resultados concretos.
No mês de maio, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 0,49%, aliviando os custos para o setor de móveis, especialmente em relação a matérias-primas e transporte.
Essa queda no índice, que reflete a variação de preços de commodities agrícolas, transporte e construção, tende a reduzir o impacto dos aumentos anteriores, possibilitando melhores condições de custo para fabricantes e lojistas do setor moveleiro.
Com a retração do IGP-M, os lojistas podem revisar estratégias de precificação e condições de pagamento, além de reforçar o posicionamento no mercado por meio de campanhas que destaquem preço e qualidade, aproveitando o alívio nos custos para conquistar consumidores ainda cautelosos.
Contudo, o Banco Central elevou a Selic para 14,75%, um ponto percentual acima do nível anterior de 13,75%, encarecendo o crédito e afetando o consumo. Esse aumento visa conter a inflação, mas impacta diretamente o setor moveleiro e outros setores dependentes de crédito, tornando o acesso ao financiamento mais restrito e elevando o custo de capital para lojistas e consumidores.
Os lojistas precisam estar atentos a esse contraste e buscar soluções que combinem preços acessíveis e qualidade.
O PIB do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre, com destaque para o agronegócio e investimentos. O fortalecimento do mercado de trabalho – com a criação de 257,5 mil vagas e desemprego recuando para 6,6% – impulsionou o consumo das famílias. Esse movimento beneficiou o varejo de móveis, que percebeu maior procura por produtos básicos e planejados, mas ainda com seletividade.
Recuperação do consumidor movimenta o setor
Depois desse cenário, que inclui inflação elevada e juros que pressionam o consumo e o crédito, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE subiu 1,9 ponto, para 86,7 pontos, refletindo uma leve recuperação.
A economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, destaca que “a terceira alta consecutiva da confiança do consumidor parece sinalizar uma tendência de gradual recuperação das fortes perdas incorridas entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano, recuperando menos de 30% das perdas, motivada pela melhora tanto da percepção atual quanto das expectativas para os próximos meses”.
O índice subiu 1,1 ponto em médias móveis trimestrais, para 85,3 pontos. O avanço foi puxado pelo crescimento da confiança nas faixas de renda entre R$ 4.800 e R$ 9.600 (+3,0 pontos) e acima de R$ 9.600 (+2,6 pontos). Entre as famílias com até R$ 2.100, a alta foi modesta (+0,9 ponto), interrompendo uma sequência de cinco meses de quedas.
O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,9 pontos, para 84,0 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 1,0 ponto. Os quesitos de situação econômica local e financeira das famílias registraram altas expressivas.
Apesar da melhora, o indicador de compras previstas de bens duráveis recuou 0,7 ponto, para 77,2 pontos, apontando que o consumidor segue cauteloso e priorizando gastos essenciais.
Comércio se aquece e enfrenta desafios
Além disso, o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE avançou 1,2 ponto, para 88,7 pontos. O Economista do FGV IBRE, Rodolpho Tobler, comenta que “a confiança do comércio volta a subir em maio, com a novidade da melhora nos indicadores sobre presente. Ainda não recupera todas as perdas dos meses anteriores, mas já é um sinal favorável sobre a demanda corrente”.
O Índice de Situação Atual do Comércio (ISA-COM) subiu 5,2 pontos, para 93,4 pontos, e o indicador de situação atual dos negócios avançou 7,5 pontos, para 95,4 pontos. O volume de demanda atual cresceu 3,0 pontos, refletindo um movimento positivo nas vendas, principalmente de produtos básicos e de categorias como móveis e eletrodomésticos, beneficiados pela redução da inflação de maio e pela valorização da renda.
Entretanto, o Índice de Expectativas do Comércio (IE-COM) recuou 3,0 pontos, para 84,5 pontos, e os lojistas seguem enfrentando custos elevados e dificuldades de acesso ao crédito.
Empresariado mostra resiliência, mas encara incertezas
Por sua vez, também alinhado com os avanços registrados no comércio e no consumo, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE subiu 0,4 ponto, para 94,8 pontos. O pesquisador do FGV IBRE, Aloisio Campelo Jr., observa que “a alta da confiança empresarial em maio interrompe, ao menos temporariamente, a tendência de queda observada desde janeiro, associada à desaceleração dos segmentos monitorados pelas sondagens empresariais do FGV IBRE”. De acordo com ele, ainda é cedo para se projetar uma reversão de tendência, mas os resultados apontam alguns sinais de resiliência da atividade no segundo trimestre e uma discreta melhora nas expectativas em relação à evolução dos negócios nos próximos meses.
O Índice de Situação Atual Empresarial (ISA-E) subiu 0,2 ponto, para 96,5 pontos, e o Índice de Expectativas Empresariais (IE-E) avançou 0,5 ponto, para 93,0 pontos. Além disso, o ambiente fiscal apresentou superávit primário de R$ 17,8 bilhões em abril, segundo dados oficiais do Banco Central do Brasil e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), refletindo uma arrecadação mais robusta, mas o País ainda lida com riscos fiscais e externos que exigem cautela e estratégias de adaptação.
Ritmo moderado e foco estratégico para os próximos meses
Apesar dos sinais de recuperação, o cenário macroeconômico segue desafiador, com juros elevados, inflação ainda acima da meta e riscos fiscais internos. O mercado de trabalho aquecido e o crescimento da renda sustentam uma retomada gradual do consumo, mas sem garantir um avanço robusto.
Para o varejo moveleiro, é essencial investir em produtos com bom custo-benefício, design funcional e soluções financeiras que atraiam o consumidor. O momento pede atenção às tendências do mercado, foco na experiência de compra e estratégias que consolidam a presença digital, garantindo competitividade e aproveitamento das oportunidades.
Impactos e dicas para o varejo moveleiro
O atual cenário de recuperação gradual da confiança do consumidor, do comércio e das empresas representa tanto um alívio quanto um desafio para o varejo moveleiro. Embora indicadores sinalizem retomada, o ambiente macroeconômico ainda exige cautela. Para o setor, isso significa um consumidor mais seletivo e atento a preços e qualidade.
O movimento positivo observado em maio reflete maior disposição para consumo, beneficiada por um mercado de trabalho aquecido e leve desaceleração da inflação. Por outro lado, a elevação da taxa Selic e as dificuldades de acesso ao crédito ainda travam decisões de compra, principalmente de produtos de maior valor agregado.
Dicas para o varejo:
- Reforce o foco em produtos com bom custo-benefício e design funcional;
- Invista em ações promocionais e condições facilitadas para o consumidor;
- Explore o canal digital e as vendas omnichannel para ampliar o alcance;
- Aperfeiçoe a experiência de compra na loja, com atendimento consultivo e soluções personalizadas;
- Monitore de perto as tendências do mercado e adapte estratégias rapidamente.
Essas práticas ajudarão o varejo moveleiro a aproveitar os sinais de retomada, mesmo diante de um cenário que ainda exige resiliência e inovação.
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