Vendas de móveis no varejo crescem em março

Segundo dados do Iemi para a Abimóvel, vendas de móveis no varejo crescem em março, mas desempenho é menor do que em 2022

Publicado em 30 de junho de 2023 | 09:48 |Por: Thiago Rodrigo

Em meio às oscilações econômicas e desafios enfrentados pelo setor moveleiro nacional, o mercado de móveis no Brasil mostra sinais graduais de recuperação neste ano, mas ainda diante de um panorama instável. No último mês de março as vendas de móveis no varejo alcançaram cerca de 29 milhões de peças de móveis e colchões no varejo nacional, o que representa um crescimento de 13,1% em relação a fevereiro.

Apesar desse salto, o resultado é 6,2% inferior ao de março de 2022. Com o desempenho negativo nos últimos 12 meses chegando ao final do primeiro trimestre de 2023 acumulando 12,0% de recuo — o número era de -11,7% até fevereiro.

Em contrapartida, quando avaliada a receita, as vendas de móveis atingiram R$ 9,0 bilhões em março de 2023, representando um aumento de 13,3% em relação ao mês anterior. Na variação anual, o setor registrou um crescimento de 3,7% em relação a 2022. Já considerando o acumulado dos últimos 12 meses, o índice mostrou evolução de 0,8%.

Essas são as últimas informações levantadas pelo Iemi com exclusividade para a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), por meio do estudo mensal “Conjuntura de Móveis”. Em resumo, elas demonstram aumento nas vendas de móveis e colchões no varejo em março de 2023, porém, ainda representando um desempenho abaixo do registrado em igual período no ano anterior.

Preços nas vendas de móveis

Por falar em receita, no que diz respeito aos preços, o estudo revela que o valor médio dos móveis no varejo foi de R$ 278,62 por peça em março de 2023. O valor é 0,14% superior ao praticado em fevereiro e voltou a subir na passagem de março para abril: +0,39%, ficando em R$ 279,71.

No segmento de colchões, no entanto, a tendência foi outra. O preço médio dos colchões no varejo registrou aumento significativo em março, atingindo R$ 570,08 por peça, um crescimento de 2,17% em relação ao mês anterior. O valor, contudo, voltou a se estabilizar no mês seguinte, com os preços dos colchões caindo 2,18% e ficando em R$ 557,65 em abril de 2023.

Inflação no 1º trimestre de 2023

Para entender essa conjuntura ambígua, porém, é necessário compreender o impacto do cenário econômico sobre o varejo de móveis. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, ou seja, o IPCA, acumulou média nacional de 2,09% no primeiro trimestre de 2023, o setor de móveis foi um pouco menos afetado no ano, fechando os primeiros três meses com avanço de 1,40%. De janeiro a abril, leves aumentos: 2,7% no índice geral e 1,79% no setor de móveis.

Ao olharmos para o acumulado dos últimos 12 meses até março de 2023, contudo, esse consolidado segue trajetória desfavorável. A inflação sobre o mobiliário acumulou alta de 12,40% na variação. Resultado muito acima da média nacional, que foi de 4,65%. Em abril, no entanto, a inflação acumulada no setor de móveis em 12 meses caiu para 11,05%, mas ainda muito distante dos 4,18% do IPCA geral, demonstrando a dificuldade do setor em se manter competitivo no varejo.

Apenas 1% das empresas brasileiras exportam

Os motivos pelos quais o setor de móveis acumula uma inflação superior à média nacional são diversos e interligados, refletindo tanto tendências econômicas gerais quanto específicas do setor. Tais como:

Custo de Matérias-Primas: O setor moveleiro é fortemente dependente de matérias-primas como madeira, metal, tecidos, entre outros. Embora menos assinalada pelos industriais nos últimos meses, a flutuação no preço desses materiais impactou diretamente no custo de produção dos móveis nos últimos anos, tendo sido ocasionalmente repassado ao consumidor, resultando em preços finais mais altos.

Custo da Mão de Obra: Encargos trabalhistas contribuem para o aumento da inflação no setor moveleiro. Quando os custos de mão de obra aumentam, os produtores de móveis muitas vezes têm pouco espaço para absorvê-los sem aumentar os preços dos produtos acabados.

Custos Operacionais e Logísticos: Os custos operacionais, incluindo aumentos nas tarifas de energia, custos de aluguel, bem como as despesas de transporte, vivenciados tanto na indústria como no varejo, também influenciaram a inflação no setor no período.

Cenário Econômico e Demanda do Mercado: A demanda por móveis nos últimos 12 meses foi influenciada por uma variedade de fatores, incluindo a situação econômica geral, tendências de consumo, taxa de juros nas alturas, baixa disponibilidade de crédito, entre outros.

Importação: Alterações nas políticas de importação de máquinas e equipamentos, bem como variações cambiais, por exemplo, também podem ter afetado os preços de produção e venda de móveis.

Inflação Geral: Finalmente, os preços no setor moveleiro são também influenciados pela inflação geral na economia nacional. Com os preços gerais em ascensão, o varejo de móveis foi também impactado. Uma notícia favorável, nesse sentido, é que as previsões para inflação em 2023 vêm caindo mês a mês.

Desafios futuros do setor moveleiro

De acordo com a Abimóvel, é evidente, portanto, que o setor de móveis e colchões no Brasil ainda enfrenta desafios para se recuperar plenamente. A complexidade dessas interações torna difícil prever as tendências futuras, mas uma análise cuidadosa pode fornecer insights úteis para fabricantes e varejistas. Dessa forma, apesar do aumento nas vendas no varejo de móveis e colchões em março de 2023, a queda em relação ao ano anterior reafirma a necessidade de medidas que possam impulsionar o consumo no País.

Nesse contexto, espera-se que a indústria moveleira, com o apoio da Abimóvel e de entidades parceiras, continue buscando alternativas para se adaptar ao mercado atual, investindo em inovação, design integrado à indústria, sustentabilidade, qualidade e diversificação de produtos, bem como aprimorando a experiência do consumidor no varejo. Ao mesmo tempo, a Abimóvel continua atuando de forma construtiva junto ao governo federal com foco na implementação de políticas de estímulo à produção e ao consumo no Brasil.

O que deve incluir, por exemplo, a redução de impostos, o incentivo à inovação e à sustentabilidade, a facilitação de crédito para pequenas e médias empresas do setor, e o investimento em formação e capacitação profissional para fortalecer a mão de obra nacional. Além disso, iniciativas como a Reforma Tributária, taxas de juros mais baixas, a promoção de linhas de crédito acessíveis para a compra de móveis e a otimização de programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida”, também são estratégias eficazes e aguardadas para a retomada não só do setor, mas da indústria e da economia brasileira como um todo.

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