Via Varejo enfrenta prejuízos e demissões na segunda metade do ano

Grupo detentor das Casas Bahia e Ponto Frio obteve resultados negativos no terceiro trimestre e demitiu 300 funcionários da indústria de móveis Bartira

Publicado em 30 de outubro de 2018 | 16:16 |Por:

A empresa com maior faturamento bruto no segmento de eletromóveis – de acordo com o mais recente ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) – vem enfrentado um período de baixas na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2018. Demissões e prejuízos na Via Varejo, hoje controlada pelo grupo varejista líder no Brasil, o Pão de Açúcar, marcaram a trajetória da companhia na segunda metade do ano em diante.

Os prejuízos na Via Varejo, que comporta as marcas Casas Bahia, Ponto Frio, Extra e Bartira, chegaram a R$ 79 milhões no 3º trimestre de 2018, revertendo o lucro líquido de R$ 46 milhões registrado um ano antes, conforme os resultados anunciados ao mercado pela rede varejista na semana passada.

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Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) apresentou uma queda de 61,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2017, ficando em R$ 161 milhões. Por outro lado, o grupo registrou receita líquida de R$ 6,377 bilhões de julho a setembro, um acréscimo de 4,4% em relação ao mesmo período de 2017.

Em nota, a Via Varejo afirmou que “por conta de um desempenho em vendas abaixo do esperado no trimestre anterior e a continuidade de uma demanda mais fraca no período pós-Copa, enfrentamos um ambiente mais competitivo”.

A rede varejista também esclareceu que os investimentos em novos serviços e tecnologias – com unidades adotando recursos omnichannel – impactaram a performance nas vendas e conduziram os negócios a um período de readaptação:

“Vale ressaltar que esse último período foi marcado por importantes implementações em sistemas críticos da companhia. São mudanças profundas, essenciais para a empresa reestruturar suas fundações. Uma vez superado o processo natural de curva de adoção e aprendizado, acreditamos que essa decisão estratégica trará evoluções significativas em produtividade e na experiência dos nossos clientes”, se pronunciou a Via Varejo.

A Via Varejo, como as demais empresas do ramo varejista, enfrenta um ritmo decrescente nas vendas de móveis e eletrodomésticos em todo o Brasil. De acordo com o mais recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do ramo de eletromóveis de janeiro a agosto em âmbito nacional deste ano acumularam resultado negativo de 0,8% em comparação com o mesmo período de 2017.

Esta taxa está bem abaixo das registradas no começo de 2018 (5,2% em janeiro e 4,5% em fevereiro). As vendas de mobiliário, excluindo eletros, acumulam variações ainda menores: -3,5% em volume de vendas e -3,4% em receita nominal entre janeiro e agosto. Acesse aqui a última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE para conferir os dados.

Marca de móveis Bartira

Indústria de móveis Bartira, da Via Varejo, demitiu 300 de seus 1,6 mil funcionários em outubro de 2018

Bartira demite 300 funcionários

A divulgação dos pontuais prejuízos na Via Varejo ocorreu no mesmo mês em que a empresa demitiu 300 dos 1,6 mil funcionários de sua indústria moveleira, Bartira. Os desligamentos irão custar um turno inteiro de trabalho. A fábrica está parada desde 1º de outubro, com previsão de retornar ao funcionamento em 5 de novembro.

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Segundo a Via Varejo, a demissão em massa está associada à reestruturação interna da empresa. “A readequação ao quadro de colaboradores foi feita devido a um processo de ajuste de estoques ao mix de lojas, eficiência operacional logística e de vendas”, informou a assessoria de comunicação do grupo.

A empresa e os funcionários demitidos, representados pelo Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sintracom) de São Caetano, levaram cerca de um mês para chegarem a um acordo com relação aos valores a serem recebidos.

O pleito inicial dos trabalhadores era de pagamento indenizatório equivalente a dez salários mínimos, 12 cestas básicas e manutenção do convênio médico por um ano. Mas o acordo final ficou em pagamentos de R$ 1.300,00 para colaboradores com menos de um ano de casa, R$ 2.800,00 para com menos de sete anos de casa e R$ 4.000,00 para com sete anos ou mais de casa.

Casino irá desinvestir na Via Varejo em 2019

Em 2019 a Via Varejo, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), também deve atravessar outras reestruturações, desta vez no que tange seu próprio patrimônio. O grupo francês de supermercados Casino, que detém 43% de participação do GPA, pretende vender seus ativos da companhia brasileira já no início do próximo ano.

A venda dos ativos da Casino no Brasil faz parte do plano de desinvestimentos da empresa francesa em escala global, cujo objetivo é reduzir seu endividamento mediante a venda de 1,5 bilhão de euros em ativos que considera não essenciais, sobretudo os imobiliários.

A Via Varejo negou qualquer relação entre o anúncio da Casino e os prejuízos e demissões que a rede varejista vem enfrentando no segundo semestre de 2018.

O sócio-diretor da GS&Consult do Grupo GS&Gouvêa de Souza, Alexandre van Beeck, acredita que a movimentação não irá gerar efeitos preocupantes no mercado brasileiro. “A possível efetivação da venda da participação do Grupo Cassino na Via Varejo não deve gerar grandes impactos para o mercado nacional. Não vejo impacto que não seja positivo”, comentou.

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