IA no varejo: brasileiros lideram uso da tecnologia
Pesquisa da Bain revela perfis de usuários e mostra que consumidores brasileiros utilizam inteligência artificial com mais frequência do que norte-americanos
Publicado em 12 de setembro de 2025 | 08:18 |Por: Julia Magalhães

A inteligência artificial está moldando a experiência de compra no varejo, e os consumidores brasileiros estão entre os mais engajados com essa transformação. Segundo novo estudo da consultoria Bain & Company, 62% dos consumidores no Brasil já utilizam IA, sendo que 18% relatam fazer isso com frequência. O principal atrativo? Praticidade.
Entre os entrevistados brasileiros:
- 64% afirmam que a IA facilita tarefas do dia a dia;
- 55% acreditam que a tecnologia pode gerar novas oportunidades de trabalho;
- 49% consideram que os benefícios superam os riscos.
Nos Estados Unidos e na Europa, 95% das empresas já utilizam IA generativa, mas apenas 35% dos consumidores afirmam usar a tecnologia — embora muitos o façam sem perceber, por meio de recursos como assistentes virtuais e corretores automáticos.
Perfis de usuários de IA
O estudo da Bain identificou cinco perfis principais de consumidores, divididos entre usuários ativos e não usuários:
Usuários ativos:
- Entusiastas (19%): usam IA várias vezes por semana, com foco em produtividade e tarefas como escrita e pesquisa;
- Usuários ocasionais (12%): utilizam com menor frequência, geralmente para aprendizado ou entretenimento.
Não usuários:
- Exploradores emergentes (10%): abertos à tecnologia, mas com pouco uso até o momento;
- Curiosos cautelosos (32%): demonstram interesse, mas hesitam devido à insegurança ou falta de familiaridade;
- Rejeitadores convictos (17%): têm postura negativa e não pretendem usar IA.
A pesquisa revela que mesmo os não usuários já interagem com IA de forma indireta. Entre os exploradores emergentes, por exemplo, 66% já utilizaram alguma ferramenta de IA sem saber.
IA impulsiona produtividade e criatividade
Para os usuários ativos, as aplicações mais comuns da IA estão ligadas à produtividade e à criatividade. Os dados mostram:
- 75% dos entusiastas usam IA para pesquisa e resumo de informações;
- 65% utilizam para assistência na escrita;
- 57% recorrem à IA para escrita criativa;
- Edição de imagens, recomendações de compra e acesso a informações atualizadas também ganham destaque.
O sócio da Bain e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul, Lucas Brossi destaca o papel dos primeiros usuários na expansão da tecnologia: “A IA generativa tem o potencial de transformar a experiência do cliente e otimizar as operações no varejo, mas o sucesso depende de uma estratégia de dados bem definida e de uma cultura que valorize a inovação.”
Brossi também aponta a crescente adoção de dispositivos com IA incorporada, como óculos, pingentes e anéis inteligentes. “Nos EUA, 5% dos adultos já usavam produtos wearable com IA no fim de 2024, e esse número pode quadruplicar até o fim de 2025.”
Barreiras à adoção no Brasil
Entre os brasileiros que ainda não utilizam IA de forma ativa, as principais barreiras são:
- 47% desconfiam do compartilhamento de dados pessoais;
- 44% se sentem despreparados para usar a tecnologia;
- 40% temem ser substituídos pela IA.
Além disso, 34% preferem executar tarefas manualmente, 30% citam preocupações com privacidade e 26% duvidam da precisão das respostas da IA.
A Bain conclui que, à medida que os consumidores se familiarizam com a presença cotidiana da IA – como sugestões de texto ou recomendações personalizadas –, a aceitação tende a crescer. Para o varejo, o desafio será desenvolver experiências intuitivas, baseadas em linguagem natural e centradas no usuário, para acelerar essa integração.
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