Influenciador Digital: o que saber antes de contratar um?
Eles têm milhões de seguidores, mas será que ajudam a empresa a vender? Especialista pede cautela na hora de contratá-los
Publicado em 7 de outubro de 2019 | 11:55 |Por: Everton Lima
O termo “influenciador digital” tem chamado a atenção de muitas pessoas. De repente, vários usuários das redes sociais se tornaram relevantes ao atraírem a atenção de milhares, às vezes milhões, de indivíduos.
Contudo, engana-se quem pensa que influenciar alguém é uma novidade inventada pela internet. Em 1991, o pesquisador israelense Gabriel Weimann já estudava o poder de persuasão que algumas pessoas exerciam sobre as outras.
Em seu livro, “The Influentials: People Who Influence People”, Weimann define uma pessoa influente como: “O influenciador pode ser definido como um usuário que tem a capacidade de persuadir uma rede de contatos por meio da propagação de informações, exercendo uma espécie de autoridade”.
Ao que tudo indica, esse conceito ainda é válido e pode ser adaptado aos influenciadores digitais. No entanto, será possível que uma marca também consiga se tornar uma influenciadora digital?
Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação (FGV) acredita que sim — e até explica como a empresa pode alcançar esse objetivo: “Primeiramente, por meio de uma compreensão muito profunda do público, sabendo quais são os seus anseios. Em seguida, ela deve surpreender o público, pois o marketing é a diferenciação e cada vez mais as empresas estão buscando receitas para ir na contramão das ferramentas, da linguagem e do que está sendo usado. E o terceiro fator — e mais importante — é criar comunidades”, explica.
O uso de “comunidades”, segundo o especialista, não deve ser confundido com publicidade. “Fazer um ambiente onde o coletivo se encontre. Muito mais do que fazer publicidade e propaganda, empurrando coisas para esse público, é fazer com que o público de interesse se identifique e se encontre em um mesmo espaço”, ensina.
Lu, a influenciadora digital
Ela conversa com os seus seguidores, aparece em programas de tevê, como o Domingão do Faustão, e é a garota propaganda de uma das maiores varejistas do país. A Lu, personagem criada pela equipe de marketing do Magazine Luiza, pode ser considerada um caso de sucesso, de acordo com Igreja, do FGV.
“É muito interessante a estratégia da Magazine Luiza, pois dá uma cara mais leve e uma identificação que vai desde os mais jovens, porém, não isolando quem já conhece a marca há mais tempo. A Magalu foi uma sacada inovadora, criando uma personagem simpática e que interage com o público trazendo dinamismo e uma linguagem diferenciada e cativante”, aponta.
Assim, os resultados da marca já são visíveis. Um levantamento feito pela Ibevar em parceria com a Fundação Instituto de Administração (Fia) mostrou que a Magazine Luiza figurou como a marca mais admirada pelos consumidores. O estudo analisou a interação que o público teve com a empresa pelas redes sociais.
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Aliás, a companhia ficou muito distante das concorrentes. Os pesquisadores deram notas às marcas, variando de 0 a 10. A Magazine Luiza ficou com nota 8. Em segundo lugar, apareceu as Casas Bahia, com nota 5,5.
Contratando um influenciador digital
Em contrapartida, muitas empresas decidem contratar os influenciadores digitais para que eles divulguem a marca nas redes sociais. Para Igreja, essa estratégia deve ser feita com cautela. “Tenho severas ressalvas sobre os influenciadores. Essa estratégia não muda muito do que era fazer campanha com uma celebridade. Por outro lado, está tendo cada vez menos crivo nisso. Os influenciadores divulgam de tudo e agora está mais gritante o lance de se pagar por um post. No passado, isso era menos proliferado”, afirma.
Ademais, ele considera a estratégia pouco eficiente, devido à sua popularização. “Hoje, se tornou algo efêmero, volátil e com menos conexão com a marca. Antes um global assinava com uma marca por um ano. Agora, um influenciador fecha contrato por um post. Não acredito que uma marca realmente desfruta de alguma conexão com o influenciador”, opina.
Encontrando um influenciador digital
No entanto, muitas empresas se especializaram em agenciar influenciadores digitais. Atualmente, existem ferramentas criadas apenas para facilitar a missão dos empresários que desejam recorrer à estratégia. Nesta matéria, listamos algumas das mais populares.
Influency.me
A empresa mantém um banco de dados com mais de 80 mil influenciadores digitais. Para ter acesso a eles, o empresário deve se cadastrar e informar quais critérios que ele considera relevante, como o número de seguidores do influenciador.
Celebrytz
Com mais de 40 mil influenciadores agenciados, a plataforma mantém filtros específicos, com o objetivo de ajudar o empreendedor a encontrar o parceiro certo para divulgar a sua marca.
Ela também trabalha com microinfluenciadores — pessoas que, apesar de não terem milhões de seguidores, têm forte influência em um nicho específico do mercado.
Air.influencers
Essa plataforma se apresenta “como a mais completa da América Latina” e afirma apresentar dados, como o Retorno Sobre o Investimento (ROI), das campanhas que comercializa.
Contudo, como escolher um influenciador? Será que o mais importante é o número de seguidores? A especialista em Marketing, Kika Fazollo, afirma que não. Para ela, o mais importante é encontrar um influenciador consistente em suas atitudes e que tenha algo em comum com a marca.
“O consumidor digital é muito atento. Não adianta um influenciador postar, defender a marca etc. se no dia a dia ele não faz isso ser verdade. Um influenciador acaba sendo inspiração para muitos seguidores, então, quanto mais intimidade ele tiver com a marca mais verdadeira será essa parceria”, aconselha.
Para Igreja, o número de seguidores não deve ter importância na hora de escolher o influencer . “Número de seguidores é uma das métricas que mais engana e é menos relevante. O que realmente importa é o engajamento e a interação. Muitas vezes, é possível ter poucos seguidores, mas que são altamente qualificados e geram negócios. Claro, se for um produto de varejo, a amostragem é importante, mas quando falamos de serviços e B2B, outras variáveis são mais fundamentais”, conclui.
E por falar no mundo digital, a sua empresa está preparada para a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)? Na edição 361 da revista Lojista, temos uma matéria explicando tudo sobre o tema. Leia agora mesmo!