Polo moveleiro de Ubá: comércio virtual alavanca economia

Atentas às mudanças de comportamento de consumo, empresas do polo moveleiro de Ubá adotam o e-commerce, sobretudo através de marketplaces

Publicado em 26 de setembro de 2023 | 08:01 |Por: Júlia Magalhães

O polo moveleiro de Ubá está abraçando as tecnologias digitais como meio de se manter na liderança, gerando novos negócios e oportunidades na era dos marketplaces. Com mais de 13 mil lojistas cadastrados em todo o Brasil e uma média de cerca de 240 mil clientes atendidos por mês, o MadeiraMadeira tornou-se uma das marcas mais proeminentes da região, proporcionando 140 postos de trabalho. Há quatro anos, a empresa inaugurou um centro de distribuição em Ubá, onde concentra seus principais fornecedores.

Segundo o co-fundador e Chief Growth Officer (CGO) da MadeiraMadeira, Robson Privado, o investimento em centros de distribuição é uma consequência dos excelentes resultados obtidos com o polo moveleiro e visa impulsionar ainda mais o crescimento da empresa. A empresa comercializa produtos do polo moveleiro por meio de aplicativo, site, em 80 lojas próprias e por meio de seu serviço de televenda.

“O polo é estratégico para a MadeiraMadeira. Junto com os fornecedores da região, conseguimos oferecer um portfólio mais diversificado de móveis produzidos com excelência em qualidade, design inovadores e com um ótimo custo-benefício. É notável como Ubá e a região avançaram significativamente em inovação”, acrescenta.

O ambiente de negócios em Ubá está estimulando o retorno de grandes indústrias, e a parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) está promovendo a educação em áreas como robótica, preparando as novas gerações para um futuro tecnológico e promissor. Juntas, as empresas e entidades da região estão mantendo a liderança do polo moveleiro de Ubá, que se destaca em Minas Gerais há várias décadas.

Polo moveleiro de Ubá

Outra história de sucesso é a da Roggi Home Design, uma fábrica de puffs e poltronas localizada em Ubá. A marca vende 95% de sua produção pela internet, incluindo em sites de origem chinesa. Gisele Toma, proprietária da fábrica, destaca que o uso do marketplace e do e-commerce permitiu alcançar clientes que antes eram inatingíveis, além de obter preços vantajosos na matéria-prima.

“Vendemos apenas 5% dos nossos produtos para lojistas, porque nosso varejo é todo pela internet. Com isso, conseguimos atingir clientes que antes eram inatingíveis. Uma das grandes vantagens de estar em Ubá é conseguir um bom preço na matéria-prima dos nossos produtos”, observa a empresária.

A Carolina Baby também faz uso da estratégia. Com 30 anos de atuação e cerca de 300 funcionários, a marca dedica-se exclusivamente à produção de móveis infantis. O proprietário Aureo Calçado Barbosa, que preside o Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (InterSind), afirma que as vendas on-line representam quase 70% do total.

“As vendas pela internet tiveram crescimento exponencial durante e depois da pandemia. Antes de comprar, tudo que qualquer pessoa faz é pesquisar na internet. O tem valor é a confiabilidade da marca. Esse é o grande segredo do e-commerce. Temos que trabalhar com ferramentas, para atingir nosso público-alvo, por isso também investimos no marketplace”, revela o dirigente.

A Carolina Baby também utiliza conceitos da Indústria 4.0, que é a definição de customização em massa, compreendendo um amplo sistema de tecnologias avançadas, como inteligência artificial e robótica, que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios.

Inteligência Artificial

Diretor fundador da Salleto Móveis, Gilberto Coelho, que está no ramo há mais de 30 anos, explica que a empresa já passou por muitas mudanças. De acordo com ele, a tecnologia é uma das grandes responsáveis pela evolução. A fábrica, que começou com apenas dois colaboradores, hoje emprega mais de 200 em um parque fabril próprio, com 46 mil metros quadrados. São 110 toneladas produzidas por dia graças à Indústria 4.0.

“Está chegando muita coisa em termos de agilidade de produção, para facilitar a vida do trabalhador. Hoje, a robótica retira todo peso que o colaborador pegava, assim como não é mais necessário fazer movimentos de tronco. Não existe mais certos riscos na operação, porque são máquinas. É uma evolução muito grande, que vejo positivamente”, afirma o diretor.

“A parte da pintura era muito obsoleta e prejudicial, porque os produtos químicos poderiam causar câncer de pulmão. A realidade agora é outra, além de a pintura não gerar nenhum mal ao funcionário, ela gera uma produção altíssima.” O processo que demandava três dias para ser concluído, hoje leva minutos. “Sem gerar nenhum poluente”, observa o empresário, ao destacar que a saúde do trabalhador é uma das maiores preocupações.

Apesar de a fábrica não efetuar venda direto ao consumidor final, limitando-se a revendedores, o e-commerce teve crescimento exponencial no pós-pandemia para a Saletto Móveis. “É uma venda mais direcionada. Antes da pandemia, atingíamos o patamar de 3% para esse tipo de cliente. Hoje estamos com 14% e a tendência é aumentar. A venda pela internet é fundamental para manter o giro na empresa.”

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Modernidade exige menos burocracia

A Prefeitura de Ubá também precisou se modernizar para atender as mudanças geradas a partir do uso das tecnologias digitais pelo polo moveleiro. O secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável, Ricardo Antônio do Nascimento, observa que o Executivo está eliminando a burocracia provocada pelo uso de papel.

“As mudanças começaram quando a Prefeitura iniciou o processo de licenciamento ambiental municipal, que antes era uma competência do Estado, através da Superintendência Regional de Meio Ambiente. Em 2021, trouxemos o licenciamento para Ubá, que tem, em média, 350 fábricas de móveis. Na região, deve ter cerca de 600 empresas do ramo. As fábricas tinham que pedir o licenciamento em Belo Horizonte. Às vezes, um pequeno empreendedor ficava um, dois, três anos esperando autorização para funcionar. Nós iniciamos aqui o serviço digital, totalmente on-line, através do nosso site”, explica o secretário.

O novo ambiente de negócios está, inclusive, estimulando o retorno de uma grande indústria. Segundo o secretário, todas as ações promovidas pela Prefeitura têm o objetivo de deixar a cidade mais sustentável e inovadora. Por meio de parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), alunos de escolas públicas de Ubá têm a oportunidade de cursar robótica.

“Estamos levando para as crianças o conhecimento nessa área e tem sido muito bacana, uma troca fantástica. Conforme depoimento dos pais e dos próprios diretores das escolas, os meninos estão mais antenados, mais responsáveis e mais preocupados”, observa o gerente do Sesi e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Cláudio Belosi. As duas entidades estão bem próximas às indústrias do polo moveleiro. Juntas ao empresariado, detectam possibilidades de melhorias, incluindo o uso de novas tecnologias que fazem a região seguir ostentando a liderança em Minas há várias décadas.

(com informações de Tribuna de Minas)

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