Varejo 5.0

O varejo está observando fusão entre inovação tecnológica e experiência do consumidor, moldando um cenário onde a única constante é a mudança

Publicado em 18 de setembro de 2023 | 08:00 |Por: Júlia Magalhães

Nos últimos anos, houve uma intensa transformação no varejo, impulsionada por avanços tecnológicos sem precedentes. O varejo tem liderado as inovações inerentes à chamada Sociedade 5.0. O conceito, criado no Japão, representa uma nova forma de pensar diante da transformação digital.

Enquanto o Varejo 4.0 trouxe a integração de canais de venda, o uso de inteligência artificial, big data e automação para aprimorar a eficiência da operação, o Varejo 5.0 surge como a próxima onda revolucionária, prometendo uma experiência de compra nova e redefinindo a relação entre consumidores e lojas físicas e on-line.

De acordo com um estudo sobre o tema, divulgado recentemente pela Bornlogic – retailtech que tem como propósito acelerar a transformação digital da força de vendas dos principais varejistas do mundo – o Varejo 5.0 representa uma evolução significativa no setor varejista, impulsionada pela integração avançada da tecnologia e pela transformação das expectativas do consumidor. O assunto também foi debatido pela empresa durante a 14ª edição do Fórum E-Commerce Brasil.

“Ele é caracterizado pela integração perfeita de canais físicos e digitais, proporcionando uma experiência de compra mais personalizada e envolvente para os consumidores.” Para isso, baseia-se em três pilares principais: hiper personalização, humanização e propósito.

1. Hiper personalização

A hiper personalização é essencial para criar uma experiência de compra única para cada cliente. “Com o uso de tecnologias avançadas, como análise de dados, Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina, as marcas podem entender as preferências individuais, comportamentos de compra e necessidades específicas dos consumidores”, pontua o estudo. Com base nessas informações, podem oferecer recomendações personalizadas, ofertas exclusivas e até mesmo produtos customizados.

Um exemplo recente bem-sucedido se deu na Magalu. Uma característica muito forte da Magazine Luiza é o atendimento ao cliente. A companhia investe em soluções e uma das mais conhecidas, sem dúvida, é a Lu da Magalu, a primeira influenciadora virtual do Brasil. De acordo com o divulgado pela empresa este mês, a Lu agora conta com o poder da Inteligência Artificial Generativa – desenvolvida em parceria com o Google pelo Luizalabs –, para oferecer sugestões personalizadas e resolver problemas dos clientes.

Com isso, a tecnologia passa a atuar como o “cérebro” da influenciadora virtual da marca, e será utilizada para proporcionar sugestões de produtos personalizadas com base nas necessidades de cada cliente e para responder suas dúvidas de forma ágil e precisa. O objetivo é elevar a experiência de atendimento a um novo patamar, garantindo uma interação mais fluída e humana.

2. Humanização

O segundo pilar apontado pela Bornlogic, que sustenta o Varejo 5.0 é a humanização. E mais, trata-se do ponto crucial para estabelecer conexões autênticas com os consumidores. “As marcas buscam criar experiências que sejam mais do que apenas transações comerciais, mas momentos de interação humana genuína. Isso envolve investir em um atendimento ao cliente excepcional, proporcionar suporte personalizado, ouvir os feedbacks dos consumidores e se envolver ativamente nas redes sociais e comunidades on-line.” O estudo frisa que, ao humanizar a experiência de compra, as marcas constroem relacionamentos mais fortes e duradouros com seus clientes.

3. Propósito

Por fim, o terceiro ponto está em as marcas buscam se conectar com os consumidores além do produto ou serviço que oferecem. Elas se esforçam para comunicar seu propósito, valores e impacto social de forma transparente.

Os consumidores estão cada vez mais conscientes e procuram marcas que compartilhem de seus valores e se envolvam em causas relevantes. “Ao adotar um propósito autêntico e tangível, as marcas podem atrair e engajar consumidores que se identifiquem com sua missão e se tornem defensores da marca”, resume a retailtech.

Inteligência Artificial no varejo

O uso de Inteligência Artificial pelas empresas tem crescido de maneira importante. De acordo com uma pesquisa global realizada pela IBM a respeito da adoção de IA, cerca de 41% das companhias brasileiras implementaram a tecnologia nos negócios em 2022 e 34% estão explorando as possibilidades de uso. Além disso, 60% indicaram que as empresas têm planos de investir em IA em processos e apps.

O mesmo levantamento aponta, no entanto, que empresas de menor porte enfrentam algumas barreiras para implementação da tecnologia. Dentre os motivos, o valor do investimento (29%), complexidade para integrar e dimensionar projetos (20%), complexidade de dados (17%) e habilidades, experiência ou conhecimentos limitados (17%).

O COO da QYON Tecnologia – empresa brasileira especializada no desenvolvimento de softwares de gestão com Inteligência Artificial –, Elton Donato, argumenta que esses pontos podem ser transpostos com o auxílio dos parceiros adequados, uma vez que,  “especialmente no caso das empresas de pequeno porte, a tecnologia será usada, principalmente, para automatizar atividades específicas, que possam proporcionar maior produtividade em menos tempo e liberar os profissionais para a execução de atividades mais estratégicas”.

Implantação de IA

Donato recomenda que para a implantação de IA, é importante identificar quais processos a empresa quer otimizar e quais ferramentas são adequadas para o objetivo determinado. Para tal, aconselha:

  • Planejamento: para iniciar a preparação da empresa para a implantação de IA, deve-se avaliar todas as atividades e processos seguidos pela organização a fim de identificar o que pode ser melhorado com a tecnologia. Reunir uma equipe interdisciplinar é essencial;
  • Mapeamento de processos: é outra ação importante para compreender as necessidades do negócio;
  • Preparo da base de dados: para que a tecnologia desempenhe sua função de forma eficiente é importante ter os dados organizados. Assim, um conjunto de algoritmos será treinado para automatizar determinada atividade;
  • Integração: é essencial que a nova ferramenta, dotada de IA, seja integrada aos sistemas existentes na empresa para que sua operação seja completa.

O COO da QYON Tecnologia salienta que o varejo tem a vantagem de estar diariamente em contato com os consumidores finais e este contato gera uma infinidade de dados que podem – e devem – estar no centro da estratégia.

“Para garantir que a empresa continue competitiva é essencial que o varejista consiga aumentar a sua produtividade e, para isso, é primordial que a empresa consiga mitigar retrabalhos em setores de suporte, focar em projetos e planos que garantam melhor relacionamento com seus parceiros e se manter atualizada com o que existe de mais moderno nos sistemas de gestão”, argumenta Donato.

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