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25 MAIO 2023 produto precisará fazer um contrapeso ao facilitar a produção, reduzir inves- timento e diminuir riscos ao agradar o maior número de clientes. Nisso, a abordagem estética é menos autoral e mais global possível”, elucida. Se o tema é brasilidade, ela deverá es- tar bem diluída e sutil, a fim de atender pessoas provenientes de diferentes contextos culturais. “Um armário da marca Lopas voltado para o mercado interno, por exemplo, reflete traços sutis da casa brasileira, seja pelos tons de madeira, formato e dimensões do móvel que condizem com uma casa brasileira”, exemplifica. As referências de brasilidade são invisí- veis para a maioria das pessoas, especial- mente estrangeiros, mas são suficientes para gerar um sentimento de pertenci- mento. Nesse contexto, a abordagem de brasilidade para uma empresa que produz quase 200 toneladas de móveis por dia é sutil e quase inconsciente, de acordo com Lociks, “mas funciona, senão não produziriam tanto”, destaca e define: “Onde eu quero chegar com isso é que um designer brasileiro não tem que fazer força para expressar brasilidade nos seus trabalhos, porque a brasilidade está impregnada na sua essência e vai se manifestar de alguma forma, mesmo que ele projete algo sob a estética de outro país, sempre vai escapar um pouquinho de Brasil”. cadernos de tendência internacionais está crescendo. “Do mercado externo existe uma demanda crescente por um certo exotismo, por uma sensação de descoberta e ousadia, de tropicalidade e artesania que configuram um certo ar- quétipo que países do hemisfério norte fazem em relação a países como Brasil, África do Sul e Índia”, pondera. Nesse caso, é feito o uso de estampas geométricas com referências a grafismos originários, cordas e fibras naturais e trançados complexos e artesanais, narra- tivas com foco em sustentabilidade e res- ponsabilidade social. “Essa abordagem sintetizada da nossa estética pode até fazer sucesso fora do Brasil, mas pode não funcionar por aqui a curto prazo, pois, como eu comentei anteriormente, o consumidor estrangeiro faz uma leitura turística da nossa cultura, ao passo que o consumidor brasileiro faz uma análise mais profunda e intimista”, destaca. BRASILIDADE NA INDÚSTRIA Toda e qualquer abordagem de design precisa ser empática, fato. Cada em- presa precisa conhecer o seu público e saber o que ele aprecia. Nesse sentido, a brasilidade, quando trabalhada na sua diversidade e alinhada aos regionalismos brasileiros, pode gerar uma conexão emocional muito forte com o seu mercado alvo. Por outro lado, Lociks diz que é preciso tomar cuidado com a do- sagem e abordagem dessa brasilidade. O design de móveis funciona em sinto- nia com a arquitetura e design de inte- riores, sendo o móvel um dos elementos que humanizam o espaço, mas não o único. Dentro disso, uma cozinha pla- nejada com tema cangaço, se for muito literal, vira um problema de decoração e o produto não vai performar comercial- mente pelo mal-uso do design. “Não existe uma fórmula de sucesso para aplicar brasilidade, mas o bom senso ajuda. O que funciona em termos de brasilidade para uma grande indústria de São Bento do Sul (SC), não vai funcionar, necessariamente, para um ateliê de design autoral em Fortaleza (CE)”, pondera o profissional responsável pelas ações de design do PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração da Indús- tria do Mobiliário) da Abimóvel. Uma sugestão que ele dá é: quanto maior for a escala de produção e menor valor cobrado pelo produto, mais consagrada, familiar, sutil deverá ser a linguagem adotada; e quanto menor a escala de produção e maior valor de produto, mais inovadora, diferente, ou- sada deverá ser a abordagem de design, seja ela sobre brasilidade ou qualquer outra referência simbólica adotada. “A lógica dessa sentença é simples: quanto maior a produção, maior o investimento, maior o risco, maior o número de clientes atendidos. Então o Divulgação Móveis da marca Uultis no Salão do móvel de Milão em 2023 Chaise Comp da Choque Design para a Breton exibido em Milão