Fornecedores #333

23 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2023 A presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Gisele Dalla Costa, relembra que a economia foi incentivada com recursos do gover- no, incluindo valores destinados a famílias de baixa renda e linhas de crédito competitivas para empresas. “A procura por móveis foi uma demanda global, oportunizando que muitas indústrias brasileiras inicias- sem ou ampliassem sua presença no mercado externo. Assim, entende- mos que desde 2022 o mercado passa por um momento natural de acomodação após expressivo crescimento. Enquanto setores de bens duráveis, como o moveleiro, retornam ao seu ritmo habitual de produção e vendas, segmentos como turismo voltam a ganhar espaço”, diz. Além da acomodação do mercado nacional, Gisele aponta também para as exportações, com o atual cenário econômico mundial de baixo crescimento do PIB, inflação, eleva- das taxas de juros e desemprego. “Esses são alguns dos fatores que refletem na redução das compras feitas por países como Estados Uni- dos, Reino Unido, Peru, entre outros. No mercado interno, temos uma combinação de inflação ainda sendo controlada e taxas de juros elevadas, que acabam contendo o crescimen- to e o investimento, além de limitar recursos do consumo”. SEGUNDO SEMESTRE DE 2023 A produção de móveis no Brasil vol- tou a crescer no início do segundo semestre de 2023. Em agosto, cres- ceu mais 15,9% em volume quando foram produzidas 36,8 milhões de peças. O avanço ajuda a contornar a perda acumulada no decorrer do ano, que ficou em -1,9% entre janeiro e agosto, cada vez mais próxima de uma estabilização. Um avanço tímido, mas que melhora as expectativas para o fechamento do ano – conforme números citados no início da reportagem. A indústria moveleira nacional demonstra resiliência ao voltar a ganhar tração no mercado interna- cional no desempenho na segunda metade de 2023. As exportações brasileiras de móveis e colchões atingiram os melhores resulta- dos do ano no início do segundo semestre, aumentando 13,8% em agosto frente a julho, com US$ 70,6 milhões em móveis e colchões exportados pela indústria brasileira no mês. As estimativas indicam que a indústria moveleira brasileira de- verá atingir US$ 741,2 milhões em exportações em 2023, com queda de 6,2% em volume e 10,8% em valores – leia mais em reportagem nesta edição. De toda forma, enquanto o comércio exterior se apresenta como uma opor- tunidade estratégica, o aumento na demanda interna durante o segundo semestre é impulsionado por diferen- tes fatores, como o Dia dos Pais e o Natal, além de promoções e descon- tos ocasionais, tal qual a Black Friday. “Além disso, a redução contínua das taxas de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária), em um movimen- to bastante aguardado pelo mercado, pode ser outro fator promissor para as vendas no varejo e o consequente aumento na produção”, indica Irineu Munhoz, da Abimóvel. DESAFIOS Entre os contratempos atuais que o presidente da Abimóvel designa estão o cenário político e econômi- co conturbado, também em função das eleições no ano passado, bem como os problemas nas cadeias de abastecimento ao redor do mundo, além da inflação e das altas taxas de juros que ficaram como “heran- ça” dos esforços realizados para se conter a crise econômica motivada pela pandemia. “Cobraram seu pre- ço, achatando o poder de compra e afastando os consumidores das lo- jas, especialmente quando falamos na compra de itens não-essenciais e bens duráveis. Isso, sem falar que o comportamento de consumo também mudou”, afirma. Voltando aos desafios, Aureo Cal- çado Barbosa, presidente do Sindi- cato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind), declara que o Brasil está passan- do por momentos difíceis com a baixa circulação de dinheiro no mercado como um todo. “Embora haja notícias de estabilidade e até mesmo aumento de emprego, isso ainda não se reverteu em com- pra de móveis, em detrimento de outras prioridades do consumidor. Soma-se a isso, as altas taxas de juros que inibem significativamente o consumo, que via de regras tem como atrativo o financiamento das compras em várias parcelas na ponta do consumo”, avalia. Para a indústria moveleira obter avanços, os líderes sindicais apon- tam o investimento em inovação, design, sustentabilidade e produtos de qualidade para isso. Na visão de Gisele Dalla Costa, o setor move- leiro já demonstrou muitas vezes que é resiliente em situações pouco favoráveis. “Nesses momentos foram apresentados a capacidade de produção, produtos de quali- dade, tecnologia aplicada e design – ofertando ao mundo móveis de primeira grandeza”, diz. “As expectativas mais animadoras estão a partir de 2024, com um aumento na produção e no faturamento em relação a 2023 e 2022”, declara Irineu Munhoz Abimóvel

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