Fornecedores #333

27 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2023 que é positivo, mas lá eles demoraram, o mercado não está andando normal, ainda é recessão. O consumo não está puxando”, explica o diretor do Iemi. No Brasil, a flutuação de câmbio du- rante a pandemia, com o real desvalo- rizado perante o dólar, não foi repetida nos países asiáticos que, no retorno ao mercado pós-pandemia, chegaram com uma moeda mais competitiva do que o Brasil em relação ao dólar. “Voltaram ao mercado de móveis mais competitivos do que nós, especifica- mente os asiáticos, eles desvalorizaram mais e agora estão há pelo menos um ano no dólar com relação de cinco. Embora agora estejamos com o dólar bem estabilizado no momento, o que é uma coisa boa para o cenário econômi- co brasileiro, para o poder de compra brasileiro, para a inflação, mas não tão boa para o exportador”, diz Prado. ARGENTINA Outrora um grande parceiro do Brasil no setor moveleiro e ainda o terceiro principal destino das exportações bra- sileiras, a situação na Argentina com alta inflação não deve melhorar a curto prazo. Prado conta que as reservas cambiais são insuficientes para fazer frente aos compromissos de dólar, que desapareceu. O Brasil consegue comer- cializar com eles em reais por meio de bancos brasileiros, mas é algo muito restrito a entrada de produtos, o que faz não ter bom desempenho. “É duro dizer isso, com a inflação a po- pulação fica mais pobre os ricos ficam mais ricos. Há nichos que performam bem, mas há dificuldade com o comér- cio internacional, mesmo no Mercosul. No Brasil, mesmo negociando em reais, há muita burocracia, muita trava, são situações de um país que está enfren- tando uma dificuldade econômica muito grande”, pontua. Agora a Argentina tem novo presiden- te, Javier Milei, eleito em novembro, que tem como propostas a dolarização da economia argentina algo difícil de ser concretizado, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas. A médio e longo prazo, a situação na Argentina pode melhorar, de acordo com o diretor do Iemi, mas é necessário mudar regras estruturais. “Esse modelo da Argentina tem mais de 50 anos que não vinga. O modelo intervencionista, algo parecido que estamos vivendo este ano no Brasil, populista, protecionista, paternalista, nada disso gera e atrai investimento. São investimentos pontuais, subsidia- dos e nada disso promove e sustenta crescimento”, avalia. Para a Argentina melhorar, na visão de Prado, não se deve depender de recur- sos do Estado, que são muito limitados em relação ao poder de investimento do setor privado. “As pessoas pensam o contrário, mas não é. O setor privado é quem tem recursos para promover uma melhoria em um país do tamanho do Brasil e da Argentina. Agora, depender de recursos públicos para crescer não vai acontecer até porque gastam mais do que arrecadam”, destaca. BRAZILIAN FURNITURE Apesar dos resultados não tão bons este ano, o Governo Federal, por meio da ApexBrasil e a Associação Brasileira das Indústrias doMobiliário (Abimóvel), tiveram sua participação em ajudar as ex- portações de móveis com projetos como o Brazilian Furniture. Prado relembra que foi graças ao programa, em 2014, que se reverteu a desilusão dos industriais brasileiros em relação às exportações. “Outros mercados estão ganhando de volta aquelas fatias que entregaram para nós durante a Covid”, destaca Marcelo Prado sobre uma das causas para a diminuição das exportações de móveis Iemi Thiago Rodrigo Brasil consegue comercializar com Argentina em reais, mas por ser algo muito restrito, dificulta maior comercialização de móveis

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