Fornecedores #333

47 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2023 “Com uma maior velocidade de produção, os custos fixos (aluguel, funcionários, etc.) são diluídos em mais produtos. Esse fator pode ser o grande diferencial em relação à concorrência”, destaca. De acordo com o consultor, a veloci- dade da produção é responsável por diluir os custos fixos de uma empre- sa. “Para exemplificar isso de forma prática, imaginem duas empresas que repentinamente dobraram seus pedidos. Uma delas alugou um pa- vilhão duas vezes maior e dobrou a quantidade de máquinas e pessoas. A outra se manteve no local com o mesmo quadro de funcionários, entretanto melhorou a velocidade dos processos a ponto de atender a demanda em dobro. Fica evidente quem gasta menos nesse exemplo”. A primeira coisa para melhorar a velocidade de produção é identificar qual é o gargalo do processo e por qual motivo ele não é mais rápido. “Nos processos de usinagem, em alguns casos a máquina, sua potên- cia e a fixação das peças usinadas podem ser um limitante. No entan- to, na maioria das vezes é a própria ferramenta. Optar por ferramentas de alto desempenho pode ser muito benéfico para a agilidade da produção mesmo precisando de um maior investimento”, ressalta. Assim que um local deixa de ser o gargalo da produção, outro local passa a ser, tornando isso um processo de melhoria contínua. AUTOMATIZAÇÃO DOS PROCESSOS Ao optar por máquinas e sistemas que automatizam o processo de pro- dução, os custos para fabricar deter- minado produto vão cair. Isso abre margem para uma redução no preço de venda, o que provavelmente aumentará a demanda da produção. “O marceneiro não precisa esperar a demanda chegar para investir em tecnologia e automatização, ele precisa estimar quanto o custo di- minuirá e qual será a demanda após fazer tal investimento. Deste modo, torna-se possível calcular se o valor investido trará retorno ou se vai ser apenas mais um gasto”, diz Peruzzo. Outro detalhe importante que o consultor moveleiro comenta, é que muitos recursos, como máquinas e softwares, estão ficando cada dia mais baratos. “Um CNC, por exemplo, há dez anos não existia nenhum modelo vendido por menos de 500 mil reais, enquanto hoje em dia alguns podem ser adquiridos por menos de 120 mil reais”, compara. Com esse investimento mais baixo em máquinas automatizadas, os pro- cessos de corte, furação e usinagem passam a ter três itens a serem anali- sados de olho na redução de custos: velocidade, acabamento e durabili- dade. “Muito cuidado na hora de in- vestir em ferramentas de corte, elas precisam entregar um acabamento bom o suficiente para que não haja um segundo processo exclusivo para isso. Além disso, não se pode olhar apenas para o custo de aquisição, deve-se analisar o custo por peça produzida. Muitas vezes, ferramen- tas mais caras têm uma capacidade de produção muito maior, além de permitirem uma maior velocidade de produção”, pontua. TRABALHO Sempre vão existir alguns detalhes que podem reduzir custos. Um pro- blema bastante enraizado no setor moveleiro, de acordo com Peruzzo, é a falta de mão de obra qualifi- cada. “Em geral, quem busca por capacitação acaba trabalhando em outros ramos, como no metalmecâ- nico por exemplo. No moveleiro a concorrência é tão grande que não abre espaço para a contratação de pessoas com grandes salários, por isso ninguém busca capacitação para trabalhar no setor”, avalia. Na visão dele, o conhecimento na indústria de móveis é criado a par- tir da prática e passado de pessoa a pessoa. “Alguns fabricantes de máquinas e ferramentas até reali- zam alguns treinamentos técnicos, mas em geral são bem super- ficiais. O pior de tudo, muitas têm a falsa sensação de que não é possível realizar melhorias no processo, que já são superespecia- listas nos produtos que fabricam e que qualquer gasto com capacita- ção é algo desnecessário”, analisa o consultor. Ele prossegue: “Posso afirmar que a mão de obra qualificada seria muito benéfica para as empresas. Imaginem reduzir o tempo de produção em mais de 30%, au- mentar a vida útil das ferramentas em mais de 50%, evitar quebra e dano de equipamentos e insu- mos, entre outras coisas. Quanto isso representaria de economia? As marcenarias precisam investir em mão de obra qualificada e na capacitação dos colaboradores presentes. Assim que isso for feito em larga escala, toda a cadeia da geração de conhecimento vai mudar e um salto em eficiência será dado”, opina. Padronizar cores e espessuras e usar ferramentas adequadas pode ajudar no aproveitamento dos painéis de madeira Mariana Camargo

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