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29 JUNHO 2024 “É importante frisar que essa infor- mação é anterior ao cenário atual da tragédia climática causada pelas chuvas e enchentes. Infelizmente a tendência é de que a repercussão na demanda possa trazer uma queda ainda maior nos próximos meses”, diz. O Rio Grande do Sul vive os efeitos da maior catástrofe climática da sua história, commais de 530 mil pessoas desalojadas e mais de 76 mil em abrigos – além da confirmação de mais de 160 vidas perdidas. Muitas casas e até mesmo alguns municípios terão que ser reconstruídos. “Empresas também tiveram a estrutura danificada, inclusive lojas de móveis em diferentes regiões do estado e rodovias importantes foram comprometidas. Tudo isso abala nossa economia e acaba afetando o setor moveleiro não apenas nas vendas, mas também na logística para receber insumos e matérias-primas e enviar mercadorias”, acrescenta Gisele. Para Mauricio de Souza Lima, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), os aumentos definitivamente comprome- tem as indústrias que não conseguem repassar os custos em sua totalidade para os preços finais dos produtos. “As vendas despencariam. Desta forma, as empresas precisam cortar despesas de outras formas para manter o equilíbrio financeiro”. Vitor Guidini, presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e doMobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo (Sindimol), aponta que o aumento das despesas operacionais exige que as em- presas busquem alternativas de absorver esses custos, considerando que, dada a competitividade do mercado, repassar esse aumento para o preço de venda é sempre um grande desafio. No caso do polo moveleiro de São Ben- to do Sul, as indústrias não estão conse- guindo repassar o aumento de preços em seus produtos. “A situação ainda é de retração e não podemos gerar novos fatores que dificultem ainda mais as vendas. Afinal, os lojistas também terão problemas em repassar aumentos aos seus consumidores”, pontua Luiz Carlos Pimentel, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul (Sindusmobil). Pimentel lembra que as variantes que determinam os reajustes de matérias- -primas e insumos, vinculadas a variações cambiais, já fizeram os preços serem elevados significativamente no período da pandemia, ocasionado pela alta demanda devido à elevação do con- sumo. Com o mercado se acomodando posteriormente, as vendas se tornaram retraídas, as taxas de juros ficarammais caras e o setor moveleiro sentiu uma queda no consumo. “Nesses momentos mais delicados, o aumento de mate- riais gera um impacto muito negativo, comprometem a competitividade e até mesmo a saúde financeira”, frisa. PAINÉIS DE MADEIRA A madeira é o principal item na com- posição dos custos de fabricação dos móveis dos polos moveleiros brasileiro e o cenário de aumento de preços gera muita preocupação em todos eles. Gui- dini do Sindimol aponta que o recente reajuste de 5% nos preços dos painéis de MDF e MDP se soma a uma série de aumentos anteriores, impactando ainda mais o custo de produção e afetando a competitividade, juntamente ao aumen- to dos custos fixos. “O Sindimol tem buscado diálogo com as indústrias de maior porte, posicionando-se contra esses aumentos e procurando alternativas junto aos fabricantes de chapas. Argumenta- -se que esses aumentos podem levar a uma retração na produção e no investimento no setor, um fenômeno já observado em anos anteriores. Corre- -se o risco de queda nas vendas pelas indústrias, refletindo diretamente nas vendas das fábricas de placas. Não é simplesmente uma questão de repassar o custo ao produto, principalmente considerando que essa matéria-prima é o principal item na formação do preço do produto”, conta. O aumento de preço dos painéis de ma- deira anunciado em dezembro de 2023, tiveram diversas ações para que fosse adiado. “Sabíamos que seria apenas uma prorrogação de algo que ocorreria mais tarde. As margens das indústrias do setor de móveis estão sofríveis há muito tempo”, acrescenta Aquino, presidente do Sima. “Estamos chegando no meio de 2024 e os painéis tiveram reajustes na faixa em 3% e 7,5% apenas em alguns padrões, não sendo reajustados todos os padrões de acabamento. O padrão branco que é mais utilizado teve uma queda no preço”, compartilha Maurício, do Sindimov-MG. Ainda assim, o presi- dente não concorda com os aumentos porque considera abusivos. “Infelizmente, não temos condições de trabalhar de forma muito eficiente contra estes aumentos, pois o mercado atua de acordo com a demanda. Se tem alta demanda os preços são reajustados. No período de pandemia, em 2020 e 2021, os reajustes foram abusivos com a demanda muito alta e para forçar o reajuste, às vezes deixam o produto faltar no mercado. Infelizmente é o mercado agindo até por boatos”, diz. Segundo ele, outras matérias-primas tiveram rea- justes acima do percentual mencionado, como por exemplo os vidros, chegando a quase 25%neste ano. Cimol Móveis Vitor Guidini destaca que o aumento de preços reduz as margens de lucro e, consequentemente, sua competitividade no mercado
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