Guararapes leva marceneiros para conhecerem fábrica de MDF

Guararapes levou 25 grandes nomes da marcenaria nacional para conhecer fábrica de MDF da companhia; Revista Móbile esteve presente

Publicado em 11 de outubro de 2024 | 15:00 |Por: Thiago Rodrigo

Nos dias 9 e 10 de outubro a Guararapes, fabricante de painéis de madeira e compensados, levou 25 marceneiros para conhecer o processo produtivo na fábrica de MDF da companhia. A maior fábrica de MDF das Américas de acordo com a empresa, está localizado em Caçador (SC), onde três linhas de produção têm a capacidade de produzir até 1,140 mil m³ de MDF por ano.

A Guararapes ainda possui mais dois complexos fabris de compensados, em Palmas (PR) e em Santa Cecília (SC), com capacidade anual de produção de 380 mil m³. Em Caçador (SC), os visitantes puderam conhecer e tirar dúvidas sobre a fabricação de MDF. A viagem iniciou na Casa Guararapes, espaço de recepção e amostra de todos os padrões de revestimento desenvolvidos pela marca.

Em Caçador, a fábrica de MDF da Guararapes tem três linhas, sendo a primeira produzindo painéis de madeira de 15 mm e 18 mm, com capacidade de 200 mil m³ por ano; a segunda linha com 400 mil m³ por ano e espessuras de 2,5 mm a 25 mm; e a terceira e mais nova iniciada em 2022 com 540 mil m² por ano e espessuras de 6 mm a 45 mm.

Thiago Rodrigo

25 marceneiros foram convidados para conhecerem as instalações da fábrica de MDF da Guararapes

Érico Tavares, marceneiro há 14 anos da Marcenaria Solution, do Rio de Janeiro (RJ), contou que foi a primeira vez que visitou uma fábrica de MDF e ficou impressionado pelo tamanho da planta de produção. “Fiquei espantado pela estrutura, organização, tecnologia e agilidade com o que eles fazem as coisas”, disse. Sua marcenaria tem 400 m², oito funcionários e dois projetistas.

“Tudo o que vi aqui é de excelência, isso conta muito, é um diferencial da empresa que atrai a gente”, acrescentou, elogiando também o conhecimento de todo o processo e disponibilidade de atendimento dos funcionários da companhia que explicaram as etapas de produção do MDF. Rita de Cássia, responsável pela área ambiental da Guararapes, explicou o que fazem as máquinas de refinador e desfibrador.

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Érico Tavares, profissional da Marcenaria Solution

“Para cozinhar o cavaco de madeira, é usado o refinador como se fosse uma panela de pressão. Então, é extraído a água da madeira”, explicou. A água que sai desse processo passa por uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) para depois ser reutilizada inteiramente nos processos da linha de produção 3 da Guararapes, tendo ainda um excesso que é usado na linha 2 de fabricação.

“Na linha 3, 100% da água é de reuso, com o lago de água de chuva [em frente à Casa Guararapes] que garante resfriamento da planta para um mês se houver estiagem”, acrescentou Rita. Desse modo, a empresa tem um processo em circuito fechado no uso de água da linha que possibilitou ter a maior fábrica de MDF em uma única planta produtiva.

A profissional também destacou a gestão de resíduos da empresa que tem certificação, desde 2002, da ISO 14001. Já o setor ESG da marca busca projetos com visão de sustentabilidade para fortalecer projetos internos de forma corporativa, tanto de emissões atmosféricas, resíduos e outros. Um caso de reuso dos resíduos gerados pela empresa está nas sobras de cinzas que estão em estudo para fazer blocos de concreto (no lugar de areia) em construções internas – atualmente, 90% dos resíduos da empresa geram energia.

Marluce Rodrigues de Almeida, é diretora da marcenaria Poc Design, do Rio de Janeiro, visitou sua primeira fábrica de MDF e gostou bastante dos detalhes de controle de qualidade da produção, como no resfriamento das chapas que saem da linha de produção, assim como do cavaco que é cozido. “Me surpreendeu aquele grande carrossel de MDF secando e resfriando, muito grandioso e diferente”, destacou.

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Marluce Almeida, diretora da marcenaria Poc Design

Produção da Guararapes

O MDF é produzido com 10% de resina, 4% de parafina e o restante são fibras de madeira. “Agora pudemos concluir que o MDF é, sim, madeira”, esbravejou Fernanda Sabino, marceneira da dupla Lumberjills. Muitos dos marceneiros tiraram presentes tiraram dúvidas com relação aos motivos de empenamento da madeira, porque acontecem e como evitar, além das melhores maneiras de uso painel em aplicações horizontais e verticais.

Elias Leão, marceneiro com ampla história no setor de móveis sob medida e bastante conhecido nas redes sociais pelos marceneiros, esteve presente e enalteceu a ótima experiência em visualizar os processos produtivos do principal material utilizado por ele como marceneiro. “Há cada vez menos pessoas olhando os processos, o que é impressionante isso, também o tamanho da planta”, destacou.

O marceneiro tirou muitas dúvidas a respeito de detalhes técnicos e se sentiu bastante esclarecido. “Impressionante as pessoas comuns que estão trabalhando com tanta sabedoria de cabeça para dar as informações. Entendo o valor que é cobrado no produto que é feito, pois realmente é um baita investimento”, acrescentou.

Thiago Rodrigo

fábrica de MDF da Guararapes

Estoque de MDF da Guararapes

Após todos conhecerem a fábrica, Mauricio Germano Pereira da Silva, gerente técnico da Guararapes, destacou a certificação ISO 45001 (norma internacional de Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SGSSO) da Guararapes) e as vantagens da marca, como:

– Baixa absorção superficial e menor consumo de insumos na pintura;
– Material mais macio, melhor usinabilidade e menor desgaste de ferramentas;
– Altos padrões de qualidade tecnológica e maior durabilidade dos painéis;
– Maior homogeneidade de cor e resistência a cupim no painel RUC;
– Alta flexibilidade de medidas dos painéis e melhor otimização de corte;
– Tipos de resinas para todos os mercados.

Giovanna Chaccur, da Marcenaria Chaccur ficou impressionada com o scanner no final da linha produção que identifica os pequenos defeitos na superfície do painel revestido. “As peças defeituosas são selecionadas pelo scanner e viram ‘capas’ [de proteção na parte debaixo e de cima no acondicionamento dos painéis no estoque]. Esses detalhes de qualidade é deslumbrante. A fábrica é imensa e grandiosa, fiquei impressionada com a qualidade de produção”, disse.

No caso do scanner, ele é alimentado com uma foto perfeita do painel revestido e durante a linha de produção, o scanner tira foto da chapa e compara em segundos com a foto do sistema. Se não estiver igual, o scanner separa a chapa revestida para o controle de qualidade – isso dentro do revestimento branco, apenas.

Outra coisa que chamou a atenção de Giovanna foi o novo estilo do catálogo de mostruário da marca, que tem as peças soltas. “Eu arrancava a peça do mostruário para apresentar ao cliente e agora com isso, uma nova ideia que eles tiveram, vai facilitar muito a nossa vida, pois é algo que fazemos que é colocar perto um padrão do outro e comparar as cores. A Guararapes é diferenciada”, enalteceu a profissional.

Floresta da Guararapes

A extração das árvores de pinus e eucaliptos foram vistas pelos marceneiros convidados no segundo dia de visita. Caroline Fernandes, supervisora de suprimentos florestais da fábrica contou que o setor florestal da companhia tem dois nichos: plantio de floresta e abastecimentos das fábrica. Ela contou que as árvores de pinus ficam de 18 anos a 20 anos em crescimento até sua extração, enquanto as de eucalipto levam em torno de 8 a 10 anos para crescer.

Sobre o abastecimento, a fábrica de Caçador está localizada entre as duas fábricas de compensados da marca. Essas fábricas fazem a descasca da tora de madeira extraída e o cavaco gerado nesse processo é absorvido para uso pela fábrica de painéis de madeira que pica e desfibra para fazer o MDF.

Guararapes lança livro celebrando 40 anos

Segundo Caroline, as produções de compensados consomem 30 mil toneladas de madeira, enquanto a fabricação de painéis consomem 120 mil toneladas. “São todos provenientes de colheita florestal, sem ter desmatamento ou floresta nativa, por isso o termo é colheita”, explicou sobre o processo sustentável dessa produção de madeira. Os galhos das árvores extraídas ficam no solo como matéria orgânica na floresta.

Outro detalhe respondido para os marceneiros presentes foi que o MDF cru é fabricado a partir da árvore de pinus, enquanto o revestido é de uma mistura de fibras de pinus e eucaliptos. “O eucalipto rebrota sem cortar a raiz, já o pinus fica se decompõe e vira matéria orgânica, sendo plantado de novo ‘na linha ao lado na floresta’”, explicou a supervisora.

Os marceneiros conheceram o processo de colheita florestal efetuado pela máquina harvester que rapidamente extrai e corta as toras em três parte iguais para serem destinadas para seus diferentes usos. Em seguida, elas são colhidas pela máquina forwarder que leva do acidentado terreno florestal para áreas próximas das ruas abertas nos grandes hectares de floresta que são abastecidas por outras máquinas nos caminhões que as transportam para o pátio da fábrica de MDF.

Thiago Rodrigo

floresta da Guararapes

Da floresta, são extraídos até 40 caminhões por dia e noite, sendo que cada caminhão carrega 40 toneladas de madeira

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