Fimma Brasil 2025 será carbono neutro

Com certificado internacional que atesta o uso de energia 100% renovável, feira reforça seu compromisso com ESG ao ser carbono neutro

Publicado em 23 de julho de 2025 | 14:00 |Por: Thiago Rodrigo

A Feira Internacional de Fornecedores da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis (Fimma Brasil) dá um passo importante em sua agenda ESG. A 17ª edição do evento, que ocorrerá de 04 a 07 de agosto, em Bento Gonçalves (RS), será carbono neutro. Toda a energia utilizada no período de montagem, durante os quatro dias de feira e na desmontagem das estruturas terá origem 100% renovável – com rastreabilidade garantida por meio da certificação internacional IREC (International REC Standard), reconhecida globalmente por atestar a procedência limpa e sustentável da energia elétrica utilizada.

O certificado será emitido pela Ludfor, empresa que há 30 anos atua com soluções de energia renovável e é responsável pela neutralização de carbono do Parque de Eventos de Bento Gonçalves, local onde ocorrerá a feira. “Levar a certificação internacional para a Fimma mostra que a energia renovável é uma ferramenta concreta para a transformação do setor produtivo”, afirma Maikon Perin, executivo de inteligência de mercado da Ludfor.

Empresas compartilham inovações em adesivos

Euclides Longhi, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), entidade realizadora da Fimma Brasil desde 1993, destaca que a iniciativa representa um marco no compromisso da feira com a responsabilidade ambiental. “Além de neutralizar as emissões diretas de carbono, a ação reforça nosso cuidado com o meio ambiente e incentiva a transição energética no setor produtivo. Mais do que uma ação da Fimma, é uma escolha com efeitos para a cadeia moveleira e para a reputação ambiental dos nossos expositores e visitantes”, explica.

A Fimma Brasil está entre as cinco feiras mais importantes do mundo em seu segmento. Em 2025, reunirá mais de 300 fornecedores nacionais e internacionais da cadeia produtiva de madeira e móveis, apresentando suas soluções para indústrias, marcenarias, designers, arquitetos, entre outros profissionais que trabalham com projetos de mobiliário. Além de expositores de máquinas, ferramentas, tecidos, tintas, tecnologia, vidros, serviços e diversos outros segmentos, o evento terá um novo projeto chamado Praça de Inovação. Esse espaço oportunizará experiências imersivas no universo da inovação, contato com startups e diversas palestras gratuitas sobre temas como marcenaria, indústria, arquitetura e inovação.

Fimma Brasil 2025 carbono neutro

Práticas como o manejo florestal sustentável, a economia circular e o reaproveitamento de materiais vêm gerando ganhos não somente ambientais, mas também financeiros e estratégicos. Isso porque não é apenas a legislação brasileira que vem cobrando, cada vez mais, medidas que eduquem a indústria para o uso de materiais corretos na extração, produção e na logística de móveis. A União Europeia, por exemplo, proíbe desde 2023 a importação de produtos oriundos de desmatamento, incluindo o mobiliário. O Reino Unido e a América do Norte também seguem a mesma linha.

“A sustentabilidade na indústria moveleira já é uma realidade. Estamos falando desde o planejamento do produto e do seu processo de fabricação. Muitas empresas planejam a utilização máxima das matérias-primas e dos insumos, analisam o consumo de energia elétrica e aplicam conceitos de eficiência energética”, diz e acrescenta:

“Estão nos telhados das fábricas as placas fotovoltaicas, gerando a própria energia. Elas fazem o tratamento de fluentes e o descarte adequado dos resíduos gerados. E, também, aplicam os conceitos de produção enxuta. Tudo isso faz com que os custos sejam mais bem geridos, evitando desperdícios”, explica Renato Bernardi, diretor de Inovação da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), entidade realizadora da feira.

O Estado do Rio Grande do Sul tem implementado leis que incentivam práticas de manejo sustentável, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e programas de incentivos para florestamento, de acordo com a vice-presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Tatiana Müller.Fimma Brasil

“Quando o produtor florestal visa sua produção para a indústria de móveis, feitos com madeira de fontes sustentáveis, busca uma valorização maior no mercado, especialmente entre consumidores preocupados com questões ambientais. O manejo sustentável pode abrir portas para mercados internacionais que exigem garantias de práticas responsáveis, oferecendo produtos com menor impacto ambiental. A adoção dessas práticas pode não apenas beneficiar o meio ambiente, mas também impulsionar a competitividade do setor moveleiro no estado”, descreve.

Com 73 anos de atuação no mercado, a Eucatex, fornecedora de painéis (componente essencial na cadeia moveleira), é referência quando o assunto é atender aos mais exigentes requisitos para exportação de produtos à base de madeira. A empresa adota o manejo florestal responsável, comprovado por certificações reconhecidas internacionalmente, como o FSC (Forest Stewardship Council) e o PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification), além do selo nacional Cerflor, concedido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) com base em critérios ambientais, sociais e econômicos.

No caso das exportações para os Estados Unidos, a Eucatex possui a certificação CARB (California Air Resources Board), que assegura baixos níveis de emissão de formaldeído em painéis MDP, MDF e HDF – processo que passa por auditorias periódicas da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA). O Programa de Reciclagem Eucatex é outra iniciativa sustentável da marca. O projeto utiliza resíduos de madeira captados nas regiões de Salto e Botucatu, onde estão suas fábricas, na geração de energia térmica para a produção, evitando que toneladas de resíduos sejam despejadas em aterros sanitários. Desta forma, estima-se a preservação de 1 milhão de árvores por ano em suas áreas de reflorestamento e a economia de 15 milhões de litros de água. Além disso, 50% da energia elétrica consumida pelas fábricas da Eucatex provêm da usina solar Castilho, a maior do estado de São Paulo, em parceria com a Comerc Energia.

Nesta edição, a Fimma será carbono neutro, com toda a energia consumida durante montagem, realização e desmontagem proveniente de fontes 100% renováveis, com rastreabilidade atestada pela certificação internacional I-REC. A neutralização das emissões será feita em parceria com a empresa Ludfor, especialista em energia limpa, e com sede em Bento Gonçalves. “Além de neutralizar as emissões diretas de carbono, a ação reforça nosso cuidado com o meio ambiente e incentiva a transição energética no setor produtivo”, afirma Euclides Longhi, presidente da Movergs.

Práticas sustentáveis nas indústrias

Marcas que já confirmaram presença na Fimma também mostram, na prática, como a sustentabilidade vem guiando inovações no setor. Um destes exemplos é a Artecola Química, multinacional brasileira com 77 anos de atividade e que atua há mais de 50 anos no setor moveleiro, fornecendo adesivos sustentáveis e laminados com biomateriais.

Com 73% da receita oriunda de produtos sustentáveis, a empresa é hoje carbono neutro e referência em economia circular. Seus processos priorizam tecnologias limpas, como adesivos à base d’água ou hot melt, que eliminam a emissão de VOCs (compostos orgânicos voláteis) no ambiente de trabalho. A logística reversa e o reaproveitamento de resíduos também são destaques. Por meio da tecnologia Ecofibra, a Artecola afirma ser a única empresa no Brasil que oferece laminados com fibras vegetais, podendo reutilizar sobras de MDF e MDP para promover um ciclo produtivo mais limpo dentro da própria indústria de móveis.

Entre os desafios para que a sustentabilidade siga crescendo e gerando resultados cada vez mais importantes para toda a cadeia produtiva, o gerente comercial da Artecola, Fernando Cardoso, destaca a oferta de materiais reciclados de forma contínua e adequada e a valorização do produto final. “É preciso entender que reciclado não é sinônimo de menor custo, pelo contrário. Muitas vezes, para se obter um produto reciclado, de forma sustentável e responsável, são necessários vários processos que representam custos. Mas o que se oferece no final são produtos de excelente performance e baixo impacto ambiental, o que resulta em um valor agregado nem sempre compreendido pelo mercado”, avalia.

Outra marca expositora da Fimma que avança na temática é a Rehau, multinacional alemã que atua com fitas de borda e vem investindo fortemente em práticas de responsabilidade ambiental. A empresa lançou no Brasil o projeto EcoCiclo, que convida lojas parceiras a devolverem materiais não utilizados para reaproveitamento. Até agora, mais de 40 toneladas de fitas de borda já retornaram à cadeia produtiva graças à iniciativa. “Mais do que um projeto, o EcoCiclo representa o compromisso com um futuro sustentável”, reforça a Head de Desenvolvimento de Negócios e Produto da Rehau América do Sul, Camila Bartalena.

Sustentabilidade, inovação e transformação digital

Além de destacar cases de marcas que aplicam a sustentabilidade nas mais variadas etapas de produção e logística, a Fimma 2025 será palco de uma série de experiências voltadas à inovação e à transformação do setor, com a Praça de Inovação. O espaço reunirá startups, especialistas, influenciadores e tecnologias que estão redesenhando o modo de fabricar móveis no Brasil. Entre os temas das palestras gratuitas, estarão também soluções para sustentabilidade e design ecológico.

A expectativa é receber mais de 15 mil visitantes profissionais e movimentar R$ 1,74 bilhão em negócios, consolidando o evento como uma vitrine de tendências e boas práticas. “A sustentabilidade deixou de ser um discurso para se tornar ação concreta na indústria moveleira. E a Fimma é o palco onde essas transformações se encontram”, resume Euclides Longhi, presidente da Movergs.

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