Biesse aborda inovação e cocriação com parceiros

Em evento no novo showroom da empresa, que será inaugurado em abril, Biesse convidou parceiros para conhecer o espaço e debater ideias

Publicado em 1 de março de 2023 | 17:13 |Por: Thiago Rodrigo

Em seu novo showroom, em fase de conclusão, a Biesse realizou seu evento Partners, para empresas parceiras da fornecedora de tecnologias em máquinas para a indústria moveleira, vidro, pedra e outros materiais. A empresa tratou de apresentar, brevemente, suas ambições para o mercado latino-americano a partir da nova área. Em seguida, mostrou, a partir de duas palestras, como é possível inovar com a realização de parcerias e um case que é um benchmarking perfeito sobre isso.

A Biesse investiu em mais de 2 milhões de euros para a operação do showroom no Brasil. Com 20 máquinas, o espaço está situado a 15 minutos do Aeroporto Internacional de Curitiba, que possui conexão com Buenos Aires e voos para grandes cidades e capitais do Brasil. “O showroom é uma pequena fábrica que montamos nossos clientes de modo a dar a segurança do investimento certo para as fábricas de móveis”, enalteceu Alessandro Agnoletti, diretor comercial na América Latina.

“Estamos aqui abrindo nossas portas para nossos clientes no momento certo. A inauguração oficial com o showroom será na semana de 24 a 29 de abril e espero ver todos nesta data”, disse Alessando Agnoletti. Fabiane Campana, responsável por estruturar o marketing da Biesse no Brasil, chamou o primeiro palestrante para falar sobre inovação e cocriação.

Biesse

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Fabiane Campana e Alessandro Agnoletti

Biesse destaca inovação aberta

Ricardo Doria, do Aldeia Coworking e co-fundador da A Grande Escola, trabalha com processos de inovação, especialmente inovação aberta e apresentou esses conceitos aos parceiros da Biesse presentes no evento. Ele mostrou como é possível potencializar sinergias de projetos reais através do pensamento de parcerias, transformando a cultura de pensamento que há hoje, de silos, para um projeto de sinergia e co-criação que potencializa todo mundo.

O inovador contou uma história sobre Henry Fayol, considerado o pai da produtividade. Fayol observou pessoas que tiravam mais sacos de um navio do que outras. Então, chegou à conclusão que pagando mais para ter elas, teria mais produtividade, que é igual a eficiência. Contudo, apenas eficiência não explica o que é ser produtivo, segundo Ricardo.

“Além da eficiência é preciso olhar a eficácia”, ponderou. Eficiência significa fazer certo a coisa, enquanto eficácia é fazer a coisa certa. “Estamos vendo saltos muito rápidos de coisas perdendo eficiência ou eficácia”, disse. Ainda de acordo com ele, seja para qualquer mercado, é preferível que uma empresa seja rápida. “Se puder escolher, seja rápido. Essa provocação é algo profundo no universo das parcerias e inovações”, disse.

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Ricardo Doria: “Operar sozinho não é eficiente e não é eficaz. Operar em rede é muito mais inteligente”

Para solucionar um problema durante a Guerra Fria, Paul Barr, considerado o criador da internet, criou uma rede descentralizada para os Estados Unidos, mas falou no futuro que seria distribuída. Com essa visão, Ricardo mostrou que não faz sentido ter uma operação centralizada e instigou os presentes para o trabalho em parceria.

“Operar sozinho não é eficiente e não é eficaz. Operar em rede é muito mais inteligente. A proposta da Biesse é isso, falar dessa visão da Biesse de trazer os parceiros para muito perto e trazer soluções com eles. Isso para mim é o exemplo clássico de operar em rede e para a eficácia”, destacou.

No modelo de inovação aberta apresentado pelo palestrante, há diversos furos no funil de criação das empresas. Nesses furos, há a entrada dos parceiros para ajudar a entender os desafios em conjunto. “Também para chamar o cliente e perceber que tem sinergias. Assim o perfil de inovação tem toda uma rede”, disse Ricardo, antes de questionar: “Vou me juntar com os meus concorrentes?”. Se for preciso, sim.

Pensando fora da caixa

Afinal, o processo de inovação aberta requer pensar fora da caixa, sendo essa a primeira dica do dia pelo palestrante. “O cérebro procura padrões para ficar confortável e quando entra em algo diferente, o conta-giros vai lá em cima. Se começo a pensar o que vai mudar no mundo, eu consigo sair da caixa”, assinalou. Ricardo então usou como exemplo o CD. Como era possível inovar no mercado de CDs?

Apresentando novas formas de CDs. Foi o que uma fabricante fez, mas Ricardo mostrou que vai além disso. “Não é sobre o novo CD, é sobre o benefício básico que o projeto faz. Preciso fazer uma nova cadeira! Por que preciso uma nova cadeira? As pessoas querem descansar melhor, pode ser a resposta. Mas será que a cadeira é a melhor forma para as pessoas descansarem melhor?”, indagou, antes de frisar:

“A pergunta não é o que está fazendo hoje, é o que você faz que vai mudar a vida das pessoas e o que fará para ter as sinergias para criar isso”.

Ideias e experimentação

A segunda dica de Ricardo para ter um espaço de inovação cocriativo é ter espaço para ideias imaturas, para insights estranhos e não matar elas de primeira. Ele usou como exemplo o próprio evento da Biesse. “Muitos devem ter pensado: ‘O que vou ganhar indo lá na Biesse?’ Não sabemos, não faz sentido, mas não podemos fechar a porta para isso”.

Com base no símbolo da lâmpada como representação de uma ideia, Ricardo achava antes que tinha de ter um insight do nada. Com o tempo, passou a ver que a lâmpada não é a melhor representação para quem tem uma ideia. “O melhor símbolo que a ideia pode ter é o João Bobo. A ideia tem que apanhar e vamos arrumando a ideia conforme ela vai apanhando”.

A terceira dica de Ricardo é a experimentação. “90% das inovações vão dar errado, então é preciso criar um processo de experimentação. As coisas não vão dar certo no começo, mas se continuar tentando, avaliando, vai encontrar uma solução que não será a mesma de antes, mas o processo vai ajudar a encontrar uma solução. O processo de ficar tentando vai encontrar uma solução”, enfatizou.

Por fim, Ricardo destacou que lucro é importante, mas não deve ser apenas esse o objetivo principal, mas sim o legado. É o legado de uma empresa que ajudará nos momentos difíceis e nas parcerias. “O processo de inovação vai criando outro termo, quanto mais consigo oferecer, mais legado eu gero, diferente do lucro. O legado vale mais do que o capital, gera mais resultados, mais negócios”, definiu.

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Equipe da Biesse presente no evento

Case Syx apresentado na Biesse

Em seguida, Marcio Leo Danielewicz, fundador e CEO na Syx, mostrou como a empresa cresceu baseada em parcerias e inovação. Fundada em 2012 como Central de Materiais, a empresa é um centro de negócios que realiza a gestão de ativos de empresas, organizando e otimizando o processo de venda de máquinas e equipamentos industriais. A jornada começa desde a avaliação até a entrega, proporcionando capital de giro e liberação de espaço, de forma sustentável e através de uma enorme base de compradores.

“Temos que estar no lugar onde uma possível sinergia está. Estar em hubs de inovação para ter cocriação de pessoas e criar uma cadeia estruturada”, iniciou Márcio. Ao sair da indústria e fundar sua empresa, Márcio tinha como premissa “nunca entrar para vender o que tem, mas para resolver o problema do cliente”.

Em sua palestra, mostrou toda a evolução da Syx, como participou de projetos de inovação do Sebrae, do Senai-PR, da Endeavor, entre outros, para melhorar seu negócio e criar parcerias. “Conexões fazem a potência aumentar e encurtar o caminho. Tudo dá para ser feito, não importa o recurso, o que importa é escutar”, destacou.

“Sempre que for vender a gente tem que pensar no cliente e na relação a longo prazo”, frisou o fundador da Syx.

A Syx colabora para a economia circular em máquinas, equipamentos e peças. “Na pandemia aconteceu muito porque a cadeia de suprimento não estava funcionando. Empresas da área de cimento fizeram muita troca de peças para manter as operações funcionando. Tiraram o ego da frente e todo mundo começou a se ajudar”, contou, antes de falar do setor moveleiro.

“A Arauco foi ver se tinha algo na Klabin, que foi ver se tinha similares de tal equipamento. Por exemplo, um equipamento da Biesse, que a pessoa tem os spare parts na fábrica, de repente o cara trocou a máquina e comprou uma nova e tem as peças antigas guardadas. A gente fez a conexão dessas peças que tinham no almoxarifado para outra empresa que precisava porque não tinha no mercado para abastecer, a cadeia ficou dois anos quebrada nessa parte de suprimento de peças”, explicou.

Assim sendo, aquele negócio de não falar com o concorrente se transformou em tenho que falar com meu amigo. “No setor de madeira, por exemplo, os suprimentos se conversam. Ninguém está escondendo o jogo de ninguém, nessa época se quebrou a barreira de perguntar e trocam informação dos fornecedores entre eles”, assinalou Márcio.

Com diversos processos de inovação, a Syx é conquistou por dois anos o 3º lugar no ranking da categoria Cleantechs do Brasil pela 100 Open Startups, sendo em 2022 o 54º lugar no ranking geral. Também foi escolhida pela Endeavor para participar do Escale-up 2021 – Programa de Aceleração das Empresas que mais Crescem no Brasil. Em 2022, foi escolhida pela segunda vez consecutiva para receber o selo Cubo do Itaú e fazer parte do maior hub de inovação da América Latina.

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