Eucatex divulga pesquisa sobre a venda de móveis em 2020
Eucatex apresenta estudo sobre o comércio de móveis durante a pandemia e as tendências para o próximo ano
Publicado em 12 de novembro de 2020 | 11:35 |Por: Thiago Rodrigo
Entender os hábitos de consumo de quem está reformando é essencial para o planejamento estratégico e melhoria dos canais de venda de toda a cadeia de móveis, da indústria ao varejo. Por isso, desde 2017 a Eucatex, em parceria com Newton Guimarães, head da Fundação de Dados, realiza dois estudos anuais (um a cada semestre), com o objetivo de mapear o mercado, compartilhar conhecimento e ajudar a fortalecer o setor moveleiro.
A pandemia da Covid-19 trouxe desafios e incertezas em diversas áreas, mas após um período de paralisação das atividades, seguido por uma injeção de recursos do Governo Federal via auxílio emergencial. A pesquisa desenvolvida por Guimarães apresentou uma série de informações interessantes e que podem favorecer o planejamento do próximo ano, já que “móvel” é um dos segmentos mais demandados durante a pandemia.
A pesquisa ouviu 1.020 consumidores e, também, traz dados do IBGE que analisam 10 segmentos comerciais, entre eles, as categorias de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção, que apresentaram os maiores crescimentos, em volume de vendas, entre junho e agosto de 2020 comparados com os mesmos meses de 2019, influenciados pelo maior tempo de permanência das pessoas em casa, que as readequaram para suas novas realidades, além o impacto do auxílio emergencial, em especial, nos consumidores de menor poder aquisitivo.
Imóveis: saldo é positivo
Uma das surpresas da atual conjuntura econômica foi a venda de imóveis residenciais novos. Os dados do Secovi-SP mostram que o mercado está aquecendo, com um decréscimo de apenas -3,4% na venda de imóveis, na Grande São Paulo (capital + 38 municípios), no comparativo acumulado ano agosto de 2020 com acumulado ano agosto de 2019.
Dentre os imóveis vendidos até agosto de 2020, ainda na Grande São Paulo, 67,8% deles eram de dois dormitórios, 65,7% tinham até 40m² e 55,2% custavam até R$ 240 mil. No acumulado do ano, de janeiro a agosto 53,7%, os imóveis vendidos podem ser classificados como imóveis econômicos.
Esses dados ajudam a compreender o perfil do comprador e nos mostra que, em meio à crise, muitos compradores viram a aquisição de imóveis como um investimento mais seguro, dentro de uma conjuntura econômica mais favorável a esta finalidade devido à taxa Selic de 2% ao ano, repercutindo em juros mais acessíveis para financiamento, além de rendimentos pouco atraentes para investimentos de renda fixa.
Casa nova, móveis novos
Esses dados sobre o crescimento da venda de imóveis (imóveis e não venda de móveis) são importantes para observar um impacto positivo nos segmentos de materiais de construção, móveis e eletrodomésticos, pois quem compra um imóvel novo, precisa reformar e mobiliar. Com efeito, logo vai buscar a aquisição destes produtos.
Newton Guimarães, da Fundação de Dados, projeta, ainda, uma recuperação dos lançamentos de imóveis dentro dos próximos dois anos, já tendo como principal indicativo, a contratação de 58.464 trabalhadores formais (regime CLT) no segmento de construção civil, no acumulado ano agosto de 2020, segundo o Ministério da Economia, trabalhando, fundamentalmente, em empreendimentos residenciais.
No varejo de móveis, dentre os consumidores que fizeram obras entre maio de 2019 e abril de 2020, 50,6% compraram móveis, e utilizaram como método de pesquisa para aquisição destes produtos os sites dos grandes magazines (39%), os sites dos fabricantes de móveis (30,5%) e visitas ao showroom/loja (26,4%).
Os canais digitais tiveram destaque na pesquisa, como as redes sociais Youtube (22,3%) e Instagram (22,3%), com as mostras de decoração (13,1%) e as revistas especializadas (12,7%) aparecendo na retaguarda, mas com percentuais ainda superados pelas redes sociais Facebook (17,9%) e Pinterest (13,8%).
Já, em relação às compras de móveis, os canais mais utilizados foram: Magazines, com 42,7%, Lojas especializadas em Móveis, com 36%, e e-commerces diversos (não especializados em móveis), com 22,2%. Embora a totalidade dos entrevistados tenham reformado seus lares, apenas 13,4% compraram móveis em Home Centers, com destaque para consumidores de maior poder aquisitivo. Essas compras, em geral, foram relatadas como “de ocasião”, sendo que parte dos consumidores destacaram optar por um produto mais barato disponível neste canal de venda, na ausência do item específico que estavam buscando.
Venda de móveis
Para Andréa Krause, do marketing indústria da Eucatex e coordenadora da pesquisa, a pandemia reforçou outros motivos para a escolha do móvel, para além das razões commodities de bom preço e qualidade.
Ela explica que, dentre os consumidores que compraram cozinhas, 29,7% pautaram suas escolhas em resistência e durabilidade, e 24,4% em design e estilo. “Conforto, design e estilo estão entre as duas principais razões de compra de móveis, destacando a importância de diversificação de modelos e estilos”, ressalta Krause.
Igualmente, ela explica que o conforto foi a primeira motivação de compra de 39% dos consumidores de Salas de Estar, 36,7% dos consumidores de quarto de casal, o segundo aspecto levado em consideração para 30,5% dos consumidores de Móveis de Escritório, e, 27,7% para Sala de Jantar e quarto dos filhos. “Desta forma, investir em funcionalidade, conforto e design com diversificação de estilos, é uma forte tendência para o varejo em 2021”, completa.
Venda de móveis ainda são “in loco”
Antes de comprar móveis pela internet, 50,3% dos e-consumidores de móveis revelaram a necessidade de conhecer o produto em uma loja física antes de concretizar a aquisição. Esse dado demonstra que, embora a compra online tenha crescido nos últimos anos, metade dos consumidores buscaram lojas físicas ou showrooms, antes de efetivarem suas compras.
Ou seja, isso reforça a necessidade de investimentos em ambientes mais atrativos e em proporcionar experiências agradáveis de compra e atendimento, em uma estratégia casada com o mundo virtual. Afinal, enquanto 58% dos consumidores fizeram compras de móveis somente em loja física, 14,4% buscaram apenas o ambiente virtual e outros 41,1% dos consumidores combinaram loja física e virtual, reforçando que os clientes estão atentos a estes dois canais ao adquirir os produtos.
Outro tópico que se destaca na pesquisa diz respeito à satisfação dos compradores em relação ao atendimento das venda de móveis, onde o suporte atencioso do vendedor se mostrou como um atributo mais importante para 50,2% dos entrevistados, do que o conhecimento técnico do profissional, apontado por 33,9%.
Já o serviço de montagem de móveis foi destacado como motivo de insatisfação para 15,8% dos entrevistados, sinalizando um gargalo no varejo, que pode investir na melhoria do atendimento, visando um consumidor recorrente, principalmente nas marcas e lojas voltadas à classe C.