Mercado imobiliário e o impacto no setor moveleiro

Setor moveleiro voltou a depender do mercado imobiliário para a venda de móveis? Verificamos com sindicatos e especialistas

Publicado em 8 de dezembro de 2023 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

O mercado imobiliário sempre foi estímulo para o setor moveleiro, com novas residências sendo um grande local para a incorporação de móveis novos. Em um ano no qual o setor moveleiro não teve grande evolução, no ano de 2024, se o mercado imobiliário evoluir, com certeza vai trazer impacto positivo ao setor moveleiro.

Este ano o mercado imobiliário está com crescimento de 3%, de acordo com o diretor do Iemi – Inteligência de Mercado, Marcelo Prado. Ainda há muita obra em andamento e sendo entregue para as pessoas já morarem e residirem, com a tendência de casa nova e móvel novo – de 20% a 30% das compras de móveis estão relacionados a aquisição de imóvel novo. “É um fator perene, sendo importante que quanto mais o imóvel andar, mais o mobiliário vai se beneficiar desse movimento”, destaca Prado.

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O diretor do Iemi assinala que o setor moveleiro está surfando nessa onda, embora não vê novas ondas de expansão no mercado imobiliário com o custo de capital que temos e restrição de acesso ao crédito, que vai se agravando ao longo dos meses e ao longo dos anos por conta da tomada de custo do governo federal para sustentar a política de déficit público elevado. “A tendência é não ver uma nova onda no mercado imobiliário, é ver uma estagnação”, assinala.

A presidente do Sindmóveis Bento Gonçalves, Gisele Dalla Costa, não acredita que o setor moveleiro esteja dependente do mercado imobiliário, mas destaca a movimentação do governo federal no sentindo de incentivar o mercado imobiliário por entender que se trata de um setor que movimenta a economia e diversos outros segmentos. “Com certeza poderá ser favorável ao setor de móveis”.

Mercado imobiliário

Na área de habitação, Caixa Econômica Federal passou a financiar imóveis de até R$ 350 mil pelo “Minha Casa, Minha Vida”, o que deve ampliar a participação no programa e o número de imóveis no País. Este foi um dos pontos de maior interesse da Abimóvel nos últimos tempos, com a entidade ativamente ressaltando a necessidade de que o mobiliário seja incluído nos financiamentos do programa, permitindo com que mais famílias tenham a oportunidade de adquirir móveis de qualidade para mobiliar esses lares e que, consequentemente, haja um incremento na produção e no emprego no setor.

“Quando o mercado imobiliário prospera, com novas construções ou reformas, frequentemente há um efeito cascata positivo para a indústria de móveis, visto que novos proprietários procuram mobiliar suas residências. No entanto, dizer que o setor moveleiro ‘voltou a depender’ do mercado imobiliário pode ser uma simplificação. Embora exista uma correlação, a indústria de móveis também é influenciada por outros fatores, como tendências de design, inovações tecnológicas, políticas econômicas e comportamento do consumidor”, avalia o presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz.

Comportamento do consumidor

O comportamento de consumo vem mudando de maneira acelerada e Irineu Munhoz, presidente da Abimóvel, destaca alguns aspectos, no qual entre os principais está a preocupação sustentável. “Com grande parte dos consumidores tornando-se cada vez mais conscientes sobre o impacto do que consomem, eles passam a buscar, portanto, móveis fabricados de maneira ética e ecologicamente correta”, diz.

Por isso, a Agenda ESG se destaca como um pilar fundamental para as empresas moveleiras. “Os princípios Ambientais, Sociais e de Governança são prioridade na mente de uma parcela significativa dos consumidores. Empresas que alinham suas práticas à Agenda ESG não apenas atendem a essas demandas, mas também fortalecem sua reputação e competitividade no mercado, demonstrando compromisso real com um futuro mais sustentável e responsável”, assinala.

Já Gisele Dalla Costa espera que o consumidor tenha confiança e estímulo para comprar, mas que isso envolve uma maior estabilidade da economia, geração de empregos e queda dos juros, situações que acabam ampliando a base de consumidores de móveis. “A diversidade na oferta já existe, visto que o setor moveleiro nacional conta com marcas voltadas para todos os perfis de consumidor – desde peças acessíveis até de alto padrão, bem como designs minimalistas e tradicionais até os mais arrojados”, aponta.

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