Manutenção de equipamentos de pintura aperfeiçoa performance de acabamentos
Utensílios de pintura limpos corretamente e com manutenção em dia são essenciais para extrair o máximo de proveito no acabamento de móveis
Publicado em 13 de outubro de 2018 | 08:00 |Por: Luis Antonio Hangai
A pintura embeleza e ao mesmo tempo protege os móveis feitos sob medida. As camadas de tinta criam um filme sobre a madeira à medida que secam. Essa reação química também se repete dentro do equipamento que aplica o insumo e ao longo do tempo, pode bloquear mangueiras e filtros, prejudicando a performance ou até mesmo danificando as máquinas. Por isso, a manutenção de equipamentos e a sua limpeza são essenciais, e precisam ser feitas do jeito certo.
De acordo com o coordenador técnico da Multimaq, Leandro Noronha, a primeira etapa de manutenção de equipamentos de pintura é estabelecer um cronograma disciplinado de uso e pausa das pistolas de tinta, filtros e mangueiras, para que haja tempo de revisar todos os componentes. As pausas para cuidados e manutenção devem ser programadas de acordo com a rotina de produção na marcenaria.
Quanto ao insumo utilizado, o uso de solventes especiais é uma solução alternativa ao próprio diluente da tinta, que também oferece um bom resultado. O coordenador assinala que o emprego de solventes mais fortes para a manutenção de equipamentos de forma pesada, pode ser feita aos finais de semana. É preciso esterilizar o equipamento tanto por dentro quanto por fora. Para o procedimento externo, Noronha sugere escovas de cerdas plásticas umedecidas em solvente, além de pistolas de ar, não sendo recomendado o uso de abrasivos.
Já para remover a tinta do interior de mangueiras, filtros, bombas e aplicadores, Luis Worm, da Arpiaspersul, aponta que o ideal é fazer o solvente circular pelo equipamento e depois enchê-lo com produto limpo. Em seguida, mantê-lo pressurizado até diluir os resíduos. A pistola deve ser higienizada na bancada com escovas e pincéis embebidos em produto de limpeza.
“É importante não mergulhar a pistola no solvente, e não se esquecer de deixar a capa de molho em um recipiente hermeticamente fechado, e jamais desmontar a pistola para a manutenção de equipamentos diáriamente. Somente por um técnico especializado”, pontua o coordenador da Arpiaspersul.
Este processo pode ser feito em uma bancada de higienização, preferencialmente com tampo inox e cuba tipo pia, além de bombona plástica para descarte dos resíduos. A empresa fornece um kit de limpeza composto de recipientes, pinceis e o solvente rápido à base de acetona com 70% a 90% de concentração.
Erros comuns na manutenção de equipamentos
À primeira vista parece bastante simples conservar as ferramentas de pintura, bastaria mantê-las livres dos resíduos de tinta. Mas é nessa simplicidade aparente que surgem as brechas para práticas que podem danificar pistolas, mangueiras, filtros e outras peças.
De acordo com os técnicos entrevistados, os principais equívocos são derrubar as pistolas, além do desmonte desnecessário e a montagem incorreta. “Normalmente pelo motivo de limpar os equipamentos, porém quando existe essa necessidade, alguma falha nos cuidados ocorreu antes, como limpeza incorreta ou falta de lubrificação”, descreve Leandro Noronha.
Usar ferramentas próprias dos equipamentos, normalmente fornecidas pelo fabricante para o uso diário, evita avarias na hora da manutenção de equipamentos. Noronha cita o uso de alicate ou chave com bitola diferente a da medida do bico da pistola de pintura como um exemplo de prática comum. “Isso danificará o encaixe do bico com a capa de ar, causando alterações no leque”, frisa.
As bombas e acessórios, como filtros e reguladores, também requerem atenção. O coordenador técnico da Multimaq adverte que a limpeza interna incorreta, resulta em acúmulo de resíduo e danos nas vedações. “Quando há acumulo de tinta no interior da bomba ou saturação dos filtros, há perda de pressão no sistema e a bomba trabalhará mais para compensar. Isso aumenta os ciclos e no caso de bombas de membrana poderá acontecer o rompimento. Já nos casos de bombas de pistão, o risco é de aquecimento e, por fim, desgaste e dano no pistão”, descreve.
Atenção às tintas
Não só as pistolas merecem cuidado para que o padrão de qualidade da pintura se mantenha na marcenaria. Durante a etapa de aplicação nos móveis, é de extrema importância que o marceneiro fique atento à vida útil da tinta uma vez que ela é colocada na pistola para aplicação. “Caso esse prazo de validade não seja respeitado, a tinta secará dentro do equipamento”, adverte Noronha.
Essa secagem dentro das peças não só prejudica a qualidade final da pintura no móvel, mas pode danificar e diminuir o tempo de uso dos aparelhos. “A impregnação da tintas nas partes e peças móveis do equipamento causa desgaste prematuro, entupimento de canais internos das pistolas e das mangueiras e filtros das bombas de pintura. Isso resulta em parada dos equipamentos e alto custo de manutenção de equipamentos”, alerta Worm.
É preciso também prestar atenção em como as tintas se alteram, e às condições em que são estocadas na marcenaria. Fatores como temperatura, umidade e data de fabricação afetam o estado de conservação do produto e mesmo o resultado final da aplicação. “O correto armazenamento elimina possíveis problemas de aplicação, secagem, diferença de tonalidade e brilho, desplacamento, entre outros”, descreve o coordenador técnico da Multimaq.
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Uma vez que tintas e solventes são feitos à base de compostos químicos inflamáveis, outro ponto importante no armazenamento é a segurança no local, que deve ser específico para estocagem. “Recomenda-se armazenar as latas de tintas e solventes em prateleiras ou armários corta fogo, hermeticamente fechados imediatamente após o uso evitando assim a perda de sua característica química e evitando riscos de acidentes”, cita o especialista da Arpiaspersul.
Nunca é demais lembrar que os profissionais envolvidos no processo de pintura também devem atentar para o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) que impedem a inalação de partículas e vapores tóxicos, e também protegem a pele dos produtos químicos das tintas e solventes.
Reportagem originalmente publicada na edição 97 da Móbile Sob Medida