Exportações de móveis crescem até maio, mas 2º semestre tem desafios

Tarifaço americano e incertezas globais desafiam o segundo semestre e podem prejudicar exportações de móveis brasileiros

Publicado em 22 de julho de 2025 | 14:00 |Por: Thiago Rodrigo

As exportações da indústria brasileira de móveis e colchões prontos somaram US$ 306 milhões no acumulado entre janeiro e maio de 2025, registrando crescimento de 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Considerando também os envios de partes para móveis e assentos – somando-se ao todo 19 tipos de produtos –, o total exportado sobe para US$ 355,6 milhões em cinco meses.

No mesmo período, os segmentos industriais que integram a base da cadeia moveleira brasileira – como componentes, máquinas e outros fornecedores – exportaram US$ 1,42 bilhão. Apesar da retração de -4% frente aos cinco primeiros meses de 2024, o desempenho segue historicamente expressivo e revela a importância estratégica desses segmentos na composição da pauta internacional do setor.

Os dados são da nova edição da Conjuntura de Móveis, publicação da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), desenvolvida sob encomenda pelo Iemi – Inteligência de Mercado. A edição marca a ampliação do escopo do estudo, que passa a monitorar também o desempenho internacional de 25 segmentos da indústria de suprimentos. A iniciativa está alinhada à nova vertical do Projeto Setorial Brazilian Furniture – realizado pela Abimóvel em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

“Esse recorte nos permite enxergar com mais clareza a dimensão internacional da indústria moveleira nacional. Ao acompanhar o desempenho de fornecedores e fabricantes em conjunto, fortalecemos nossa atuação estratégica e geramos subsídios para ampliar mercados, identificar gargalos e apoiar decisões setoriais, principalmente nesse momento crítico vivenciado”, destaca Cândida Cervieri, diretora-executiva da Abimóvel.

Exportações de móveis e colchões crescem

Entre os produtos prontos monitorados, o maior volume de exportações entre janeiro e maio de 2025 foi registrado na categoria de móveis de madeira, que somou US$ 180,1 milhões, com crescimento de 5,8% em relação ao mesmo período de 2024.

Na sequência, destacam-se os móveis estofados, com US$ 55,7 milhões (embora com recuo de -1,4%); móveis de metal, com US$ 31,6 milhões (+8,2%); e colchões, com US$ 16,7 milhões (+10,4%). Em maio de 2025, as exportações de produtos acabados atingiram US$ 70,3 milhões, alta de 12,3% frente a abril do mesmo ano.

Fornecedores: madeira, máquinas e insumos no exterior

No recorte dos segmentos de componentes, insumos, máquinas e outros itens de base, alguns grupos apresentaram avanços importantes nas exportações:
– Madeira compensada: US$ 380 milhões (+10,0%)
– Tintas: US$ 50,9 milhões (+11,0%)
– Vernizes: US$ 25,7 milhões (+14,0%)
– Máquinas e ferramentas para madeira: US$ 4,9 milhões (+172%)

Por outro lado, também houve queda nas exportações de algumas categorias relevantes, como:
– Alumínio (chapas, perfis etc.): US$ 153,5 milhões (–16%)
– Outras máquinas e ferramentas: US$ 129,9 milhões (–14,2%)
– Madeira perfilada: US$ 218,5 milhões (–15,9%)

Os Estados Unidos seguem como o principal destino das exportações brasileiras de móveis e colchões prontos, concentrando 27,8% dos embarques no acumulado até maio de 2025. Na sequência, destacam-se Reino Unido, Uruguai, Chile e Peru.

Exportações brasileiras de móveis e colchões

O mercado norte-americano também lidera as compras dos segmentos de suprimentos para a fabricação de móveis, com participação de 37,7% no total exportado pela cadeia de base da indústria moveleira nacional. Outros destinos relevantes incluem Argentina, México, China e Países Baixos, impulsionados principalmente pela demanda por madeira compensada, tintas e vernizes.

Dessa forma, as oscilações observadas nas exportações do setor refletem ajustes na geopolítica e no consumo global, que impactam diretamente nos custos logísticos, preços, burocracias aduaneiras e na fluidez das operações comerciais como um todo. A tarifa de 50% imposta pelos EUA preocupa setor moveleiro.

A convite da Presidência da República, a Abimóvel participou em Brasília (DF), da primeira reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, criado para tratar do tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A pauta incluiu pedido de adiamento da tarifa em 90 dias, além de propostas para diálogo direto com o governo americano e articulação com empresas da região para reversão da medida.

Os Estados Unidos são, historicamente, o principal destino das exportações brasileiras de móveis e colchões, tendo concentrado 27,6% do total embarcado em 2024. Nesse contexto, a Abimóvel defende a previsibilidade e equilíbrio nas relações comerciais, reforçando sua disposição de colaborar com informações técnicas e de inteligência setorial na busca por soluções diplomáticas e construtivas.

A entidade foi representada pelo presidente Irineu Munhoz, ao lado de lideranças de outros setores da indústria nacional. O comitê é coordenado pelo vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e reúne ainda os ministros da Casa Civil, das Relações Exteriores, da Fazenda, do Planejamento, e dos Portos e Aeroportos.

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