Indústria moveleira cresce no 1º semestre

Por outro lado, cenário é de ajuste na segunda metade do ano da indústria moveleira, segundo nova edição da Conjuntura de Móveis da Abimóvel

Publicado em 1 de outubro de 2025 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo

Após duas altas mensais consecutivas, a produção brasileira de móveis e colchões voltou a recuar em junho de 2025, com queda de -2,1% frente a maio. Ainda assim, o volume produzido permaneceu acima dos níveis observados no primeiro quadrimestre. Dessa forma, o setor encerrou a primeira metade do ano em posição ligeiramente melhor do que em igual período em 2024, acumulando crescimento de +2,6% em volume produzido entre janeiro e junho. Em 12 meses, a alta foi de +7,9%. Os dados fazem parte da nova edição da Conjuntura de Móveis, estudo elaborado pelo Iemi para a Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).

O levantamento aponta também que a receita industrial somou R$ 7,6 bilhões em junho, também com recuo de -2,1% no mês. No acumulado do ano, porém, a indústria moveleira registra expansão de +7,8%, chegando a +13,2% em 12 meses. Mesmo com a redução pontual na produção, o faturamento segue em trajetória de crescimento, apoiado em preços médios mais elevados e ganhos de eficiência.

Emprego e investimentos

No quesito emprego, o setor manteve estabilidade ao final do primeiro semestre. Em junho, houve aumento de +0,7% no número de trabalhadores, acumulando crescimento de +7,5% no ano e de +6,4% em 12 meses. A expansão do quadro de trabalhadores está alinhada ao movimento de modernização industrial. Entre janeiro e julho, as importações de máquinas e equipamentos aumentaram +43,9% frente ao mesmo período de 2024, com destaque para máquinas de esmerilar, lixar e polir (+79,6%) e de desbastar, aplainar e fresar (+65,9%).

Varejo de móveis

Apesar dos esforços na indústria, o varejo de móveis e colchões apresentou sua queda mais expressiva do ano no mês de junho. As vendas em volume recuaram -11,8% em relação a maio (mês marcado pelo Dia das Mães), acumulando -3,4% no semestre. Em 12 meses, contudo, o indicador ainda mostra alta de +2,0%. Em valores, as vendas caíram -11,6% em junho e -0,4% no semestre, mas seguem com alta de +4,3% em 12 meses. O dado indica que, mesmo com menor volume comercializado, o tíquete médio das compras se manteve mais elevado.

Comércio exterior

Um dos principais destaques do semestre, considerando o atual cenário geopolítico, foi o desempenho das exportações. Após retração de -3,0% em junho (US$ 68,1 milhões), julho apresentou crescimento de +4,3%, alcançando US$ 71,1 milhões. Com isso, o montante acumulado das exportações de móveis e colchões prontos entre janeiro e julho de 2025 chegou a mais de US$ 445,2 milhões, somando crescimento de +7,0% no ano.

Confiança em queda

Tal resultado, porém, pode não necessariamente representar uma recuperação sustentada, por ser influenciado, entre outros fatores, pela antecipação de embarques para os Estados Unidos (principal destino dos móveis brasileiros no exterior, representando 27,5% das exportações no ano) antes da entrada em vigor, em 6 de agosto, da tarifa de 50% sobre móveis de madeira e outros itens da pauta exportadora moveleira. As alterações mais significativas no desempenho das exportações deverão ser percebidas a partir de agosto. Já a participação dos importados no Brasil atingiu 5,2% em junho, indicando avanço da presença de produtos estrangeiros no mercado nacional, o que pressiona a indústria local em um momento de maior cautela.

Perspectivas da indústria moveleira

O atual cenário expõe a dualidade que marca a indústria moveleira em 2025: de um lado, a produção registra saldo positivo no primeiro semestre, apoiada por um consumo interno que se mostrou relativamente aquecido até maio, mas que perdeu fôlego em junho; de outro, a entrada em vigor da supertaxação dos EUA abre incertezas quanto ao emprego, às exportações e ao ritmo da produção na segunda metade do ano. Estimativas levantadas para a Abimóvel indicam que o impacto pode reduzir em até -1,4% a produção moveleira brasileira até o fim de 2025.

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