Produção de móveis recua, mas está mais aquecida que ano passado
Mesmo com queda na produção de móveis em abril, acumulado do ano se mantém superior que o produzido no mesmo período de 2022
Publicado em 21 de julho de 2023 | 10:36 |Por: Thiago Rodrigo
Após avanço de 17% em março na comparação com o mês anterior, a produção de móveis voltou a recuar em abril de 2023: -13,6% na variação mês a mês. Com isso, o volume produzido volta aos níveis dos primeiros meses do ano, com 29,9 milhões de peças tendo sido fabricadas no quarto mês de 2023. Ainda assim, o acumulado do ano se manteve superior ao montante produzido no primeiro quadrimestre do ano passado, com aumento de 2,4% no período.
Produção de móveis em milhões
É o que indica a nova edição da “Conjuntura de Móveis”, estudo da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), desenvolvido em parceria com o Iemi, a partir do levantamento de dados em fontes oficiais de pesquisa. Quando se trata da receita da indústria de móveis no mês de abril, esta alcançou o montante de R$ 5,8 bilhões, queda de 13,8% sobre o mês anterior. Ao longo de janeiro a abril de 2023, no entanto, houve alta de 3,9% na comparação com o mesmo período no ano passado. Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 1,2%.
O preço médio de produção de móveis, por sua vez, foi de R$ 194,10 por peça no mês de abril. Valor que representou uma queda — está bem-vinda — de 0,25% em relação a maio. Colaborando, assim, para equilibrar as altas acumuladas nos períodos anteriores: +2,56% no primeiro quadrimestre de 2023 frente a igual período em 2022, e +1,86% em 12 meses.
Para além do chão de fábrica
O número de empregos também cresceu: +2% de janeiro a abril deste ano ante igual período em 2022. Aumento também visualizado nos investimentos na indústria de móveis. As importações de máquinas chegaram ao quinto mês do ano, maio, acumulando crescimento de 28,4% em 2023.
Um panorama mais positivo nos próximos meses, contudo, depende de uma série de questões internas e externas à indústria. No âmbito demográfico, por exemplo, os resultados recém-divulgados do Censo 2022 mostram uma população brasileira de 203 milhões, abaixo das estimativas previstas, mas com 34% mais domicílios do que em 2020.
Na área de habitação, ainda, a Caixa passará a financiar imóveis de até R$ 350 mil pelo “Minha Casa, Minha Vida” a partir deste mês de julho, enquanto a Abimóvel segue em articulação com o Governo Federal para inclusão de móveis no financiamento do programa.
Uma comitiva formada pelo presidente da Abimóvel, Irineu Munhoz, a diretora-executiva Cândida Cervieri, e os vice-presidentes Daniel Lutz, Adeilton Pereira e Esther Cuten Schattan, cumpriu agenda oficial no início de julho em Brasília (DF), que incluiu uma série de reuniões com lideranças da Câmara, do Senado, de Ministérios e entidades parceiras, além de encontro com o Vice-Presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que reconhecendo a relevância do setor moveleiro para a economia brasileira, convidou a Abimóvel, por meio de seu presidente, a integrar o novo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, o CNDI.
A primeira reunião de trabalho, inclusive, já foi realizada no Palácio do Planalto, no último dia 06 de julho, com a presença do presidente Irineu Munhoz, que ocupa uma das cadeiras do conselho, e sob coordenação do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os anúncios realizados durante a reunião está um investimento de R$ 106,16 bilhões nos próximos quatro anos para o setor industrial brasileiro. Outros temas em pauta defendidos pela Abimóvel são: nova Política Industrial, medidas de apoio e desenvolvimento às micro e pequenas empresas, ações de estímulo ao consumo, Reforma Tributária, simplificação de burocracias alfandegárias e acordos comerciais, entre diversos outros pontos.
Importações e exportações
O consumo aparente de móveis e colchões no país durante o mês de abril foi de 29 milhões de peças, seguindo o ritmo de produção, com queda de 13,4% em relação ao mês anterior, com 2,6% de participação de importados no mês. No acumulado do ano, porém, vemos alta de 3,6%. Com a retração dos últimos 12 meses chegando próxima à estabilidade, com queda de 0,6% até abril.
As importações alcançaram US$ 13,4 milhões em abril de 2023, aumento de 3,6% em relação ao mês anterior. Em maio, houve um aumento ainda mais significativo: +43,5%, chegando a US$ 19,2 milhões no mês. A participação dos importados durante o ano, contudo, segue em par com as projeções, ao manter-se em 2,6% no ano.
As exportações, por outro lado, caíram na passagem de março para abril (-14,7%), quando registraram valor de US$ 59,1 milhões, mas voltaram a se estabilizar em maio, quando o montante vendido ao exterior foi de US$ 67,3 milhões, uma retomada de 14,0% sobre o mês anterior.