Março apresenta retração nas vendas de móveis e eletrodomésticos
Para economistas da Facamp, sequência de quedas reforça expectativa de retração do PIB do primeiro trimestre
Publicado em 14 de maio de 2019 | 17:17 |Por: Cleide de Paula
As vendas de móveis e eletrodomésticos em março registraram taxa negativa (-0,1%), segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE comparado ao mês anterior. Em relação a março de 2018, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 4,8%. Por outro lado, o levantamento aponta que o comércio varejista brasileiro apresentou uma leve recuperação em março de 2019.
O volume de vendas do varejo ampliado apresentou crescimento de 1,1% em relação à fevereiro de 2018. No entanto, o resultado anual ainda demonstra uma situação negativa, uma vez que, na comparação com março de 2018, houve queda de 4,4% no volume de vendas do comércio varejista e de 3,5% nas vendas do varejo ampliado
A maioria das atividades integrantes do varejo ampliado contribuiu negativamente para o resultado do volume de vendas em março comparado a fevereiro de 2019. Os destaques negativos ficaram com a queda das vendas de setores pouco representativos no cálculo do índice.
O comércio varejista brasileiro enfrentou dificuldades no início de 2019, enfraquecendo o movimento de recuperação que se delineava no biênio 2017-2018. Desafios do varejo ampliado tornaram-se mais evidentes com a queda do volume de vendas no triênio 2014-2016, devido ao arrefecimento do ciclo de consumo e à crise econômica brasileira a partir de 2014, com relevante contribuição do ambiente de insegurança trazida pelas eleições presidenciais realizadas neste ano. Apesar do crescimento acumulado de 3,9% nos últimos 12 meses, o volume de vendas do varejo ampliado em março de 2019 ainda se encontra abaixo da base média de 2014.
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De acordo com a professora da Facamp e doutora em economia, Adriana Marques da Cunha, “as perspectivas não são promissoras para o comércio varejista brasileiro considerando que as projeções de crescimento do PIB estão se reduzindo e que as perspectivas para o mercado de trabalho e para a massa salarial nominal seguem desfavoráveis”, afirma.
O comércio varejista ampliado, com recuo de 3,4% frente a março de 2018, teve a primeira taxa negativa após vinte e dois meses de crescimento. A maior influência sobre esse resultado veio do setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,7%), seguido por Veículos, motos, partes e peças (-1,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,3%) e as vendas de móveis e eletrodomésticos (-0,4%).
Vendas de móveis e eletrodomésticos
O segmento de móveis e eletrodomésticos, com recuo de 4,8% no volume de vendas em relação a março de 2018, respondeu também pelo segundo impacto negativo mais intenso sobre a taxa do varejo, após subir 2,7% em fevereiro. O setor acumulou perda de 1,9% no ano. O acumulado nos últimos doze meses, ao passar de -2,0% até fevereiro para -2,1% em março, ficou praticamente estável pelo terceiro mês.
IPCA fica em 0,57% em abril
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA de abril foi de 0,57% e ficou 0,18 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de março (0,75%). A variação acumulada no ano foi de 2,09%.
Essas duas variações são as maiores para um mês de abril desde 2016 (0,61% e 3,25%, respectivamente). O acumulado dos últimos doze meses foi para 4,94%, contra os 4,58% nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2018, a taxa foi de 0,22%.
O resultado do IPCA de abril sofreu forte influência dos grupos Alimentação e bebidas (0,63%), Transportes (0,94%) e Saúde e cuidados pessoais (1,51%). Juntos, estes três grupos responderam por 89,5% do índice do mês, com impactos de 0,16 p.p., 0,17 p.p. e 0,18 p.p., respectivamente. O grupo Artigos de residência, com -0,24%, foi o único que apresentou deflação em abril. Os resultados de todos os grupos de produtos e serviços pesquisados estão na tabela a seguir.