Datas sazonais podem melhorar resultados da indústria e varejo de móveis
Publicado em 14 de setembro de 2022 | 17:03 |Por: Everton Lima
O ano de 2022 está trazendo um alívio em relação aos anos anteriores. O avanço da vacinação deixou os piores momentos da pandemia de Covid-19 para trás. Contudo, desafios ainda existem e a redução do poder de compra das famílias brasileiras é um deles.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados no início do mês mostram um cenário positivo em relação à indústria brasileira que cresceu 1,9% no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esse resultado está ligado à adequação na cadeia de produção de insumos, que normalizou o acesso desses produtos a diversos setores.
Contudo, o mesmo resultado não foi visto pela indústria moveleira. A indústria de bens de consumo duráveis, categoria que inclui a indústria moveleira, teve retração de 0,8% em junho. A produção de móveis caiu 14,8% nesse mês, na comparação com junho de 2021.
No acumulado do ano, tanto a indústria nacional quanto a moveleira registram resultados negativos. Enquanto a indústria como um todo acumula perdas de -2%, a indústria de móveis registra retração de 19,1%.
Expectativa de melhora com as datas sazonais
A indústria de móveis pode ser positivamente impactada pelo aumento de vendas do último trimestre. Tradicionalmente, essa época do ano costuma ser muito positiva para o varejo, pois soma a popularidade da Black Friday com as vendas de Natal. Contudo, neste ano existe um componente a mais: a Copa do Mundo.
Ao poder assistir aos jogos com seus amigos e familiares, depois de dois anos de isolamento, é esperado que os brasileiros invistam na compra de móveis para a sala, como sofás, poltronas e racks para servirem de apoio para a tradicional troca de televisores, comum nos períodos do mundial.
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De acordo com a Associação Brasileira do Varejo (ABV), as datas sazonais devem injetar R$ 20 bilhões na economia brasileira.
Baixo poder de compra das famílias ainda é um desafio
O consumo das famílias é um grande motor para o aumento das vendas do varejo e da atividade industrial. No entanto, os indicadores não são animadores.
O endividamento das famílias brasileiras é o maior dos últimos 12 anos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). 29% das famílias estão com as contas atrasadas, um aumento de 0,2% em agosto, na comparação com julho. 78% estão endividadas.
Esses números indicam que a falta de capital e de crédito podem fazer com que a venda de móveis não cresça tanto no último trimestre, quando comparados com outros setores, cujo ticket médio é mais baixo.
Além das dívidas, o orçamento familiar está sendo consumido pela inflação. Nesse sentido, o relatório do Ipea se mostra mais otimista para o fim deste ano. “No que se refere à inflação, apesar da atual taxa ainda elevada e da perspectiva de que pontos de pressão inflacionária, como petróleo, bens industriais e serviços, ainda se mostrem resilientes à queda, o cenário inflacionário projetado para os próximos meses vem se tornando mais favorável”, afirma o documento.
Na próxima edição da Lojista traremos um balanço de mercado completo, usando os principais relatórios econômicos e uma reportagem sobre a previsão de impacto das datas sazonais no último trimestre do ano. Não perca!