Geninho fala sobre a evolução do Grupo Guido
Em entrevista à Móbile, o diretor da Guido destaca como a empresa une tecnologia, inovação e atendimento próximo em 67 anos de varejo
Publicado em 22 de abril de 2025 | 10:26 |Por: Júlia Magalhães

Com raízes profundas no varejo de móveis do Nordeste, o Grupo Guido soube equilibrar tradição e inovação ao longo de mais de seis décadas de atuação. Fundada em 1958, a empresa familiar passou por diversas transformações até se consolidar como referência em atendimento, operação própria e investimento em tecnologia. A transição para uma atuação 100% digital, concluída em 2023, trouxe agilidade e fortaleceu o relacionamento com o cliente.
Além das 24 lojas espalhadas por Alagoas, o grupo aposta em novas frentes, como a Guido Select – posicionada no segmento de maior valor agregado – e no desenvolvimento de soluções próprias para digitalização do atendimento, como a ferramenta “Dida”, que eliminou o uso de papel nas lojas e reduziu o tempo médio de compra para cerca de 20 minutos. Mesmo com tantos avanços, a humanização permanece no centro da estratégia da empresa, com atendimento próximo, escuta ativa e uma cultura interna que valoriza as pessoas.
À frente da área comercial há 15 anos, Eugênio Filho, o Geninho, é a terceira geração da família e conduz com entusiasmo os planos de expansão e qualificação do varejo. A seguir, ele compartilha os bastidores dessa jornada de transformação e os próximos passos do grupo.
Móbile Lojista | Como surgiu o Grupo Guido e como foi sua trajetória até o segmento moveleiro?
Geninho | A Guido tem 67 anos. Foi fundada pelo meu avô, José Guido, em 1958. Meu pai assumiu na segunda geração e, até 2016, trabalhávamos com móveis e eletro, sendo 30% eletro e 70% móveis. A partir de 2016, decidimos focar apenas em móveis e nos tornamos especialistas, com um portfólio mais qualificado. Hoje são 24 lojas. Temos entrega, montagem e assistência com operação própria.
Criamos também uma escola de montadores, em parceria com o Senai, que forma de 20 a 30 profissionais por ano, suprindo nossa demanda interna. Além disso, trabalhamos para sermos cada vez mais tecnológicos. Cerca de 60% dos nossos clientes já chegam decididos. Então, agilizamos o processo com atendimento e finalização 100% digitais – sem papel, tudo on-line.
Lojista | Como vocês equilibram a tradição de uma empresa familiar com a necessidade de inovação constante?
Geninho | Existe uma palavra forte na Guido: humanização. Nossa cultura é muito forte, e isso é um dos pilares do nosso sucesso. Temos proximidade com os colaboradores, com os clientes e entre as lideranças. Todo mundo tem acesso aos diretores. A nova geração quer agilidade, mas não podemos perder a essência. O digital é importante, mas o contato humano é indispensável.
Lojista | A digitalização eliminou o uso de papel nas lojas. Quais foram os impactos dessa mudança?
Geninho | O principal motivo foi o custo e a necessidade de agilidade. Antes, o cliente levava 40 minutos na loja; hoje esse processo caiu para 20 minutos. Foi uma revolução para nós. Tivemos resistência interna, mas um grande marco foi a Black Friday de 2023, quando conseguimos dobrar o número de atendimentos sem aumentar a equipe. Desenvolvemos uma maquininha, a “Dida”, que faz todo o orçamento digital. Foi uma homenagem à minha avó, que nos inspira até hoje.
Lojista | Essa ferramenta digital foi desenvolvida pela própria empresa?
Geninho | Sim, com parceiros que trabalham conosco há mais de dois anos. Finalizamos a implementação em 2023. Hoje 100% da operação comercial é feita nessa plataforma. Ela funciona como um dispositivo móvel e permite orçar, registrar venda, gerar nota fiscal e até agendar entrega e montagem.
Lojista | Como está estruturado o Grupo Guido atualmente?
Geninho | Hoje temos 24 lojas, sendo quatro com foco em produtos de maior valor agregado. Dentro delas, uma é a Guido Select, que completou um ano. A ideia é transformar outras três unidades também em Select. Além disso, temos a Quartier, nossa loja de alto padrão que trabalha com marcas exclusivas como Florence, Modali e Uniflex. Todas as lojas estão em Alagoas e estamos prestes a inaugurar a 25ª unidade, em Santana do Ipanema.
Lojista | Como tem sido atuar nesse novo nicho de produtos mais sofisticados?
Geninho | Esse nicho exige uma abordagem diferente. Não há fluxo alto na loja, mas o ticket médio é muito maior. Tivemos resistência no início – era difícil vender uma cadeira de madeira por R$ 699 quando vendíamos duas de MDF por R$ 499. Por isso, temos treinamentos semanais com as equipes. Quando o vendedor entende o produto, ele consegue vender com mais facilidade.
Lojista | O grupo já atua com e-commerce?
Geninho | Atuamos com e-commerce, mas atendendo apenas o estado de Alagoas. Tivemos problemas com vendas reversas para fora do estado, especialmente com a linha mais delicada. Hoje, o digital representa cerca de 4% da nossa venda, e queremos chegar a 6%, mantendo o foco local.
Lojista | Como foi o processo de transformação digital da empresa?
Geninho | Começamos o planejamento em 2016 com a meta de nos tornarmos 100% digitais até 2022, mas finalizamos em 2023. Hoje tudo se comunica digitalmente: atendimento, montagem, roteirização. O montador fotografa a entrega e a montagem, tudo pelo nosso app. Isso reduziu drasticamente os problemas e deu mais controle e agilidade.
“A nova geração quer agilidade, mas não podemos perder a essência. O digital é importante, mas o contato humano é indispensável.”
Lojista | E como está a integração entre canais físico e digital?
Geninho | Hoje a omnicanalidade é total. Inclusive, temos equipe que vai até a casa do cliente com a “Dida” para fazer o atendimento completo. A nossa persona principal é acima dos 40 anos, então essa personalização é essencial.
Lojista | Quais os planos para 2025?
Geninho | Vamos inaugurar duas lojas novas, transformar outras três unidades em Select e lançar uma ação voltada a arquitetos para fortalecer o relacionamento com esse público. O objetivo é expandir a presença na linha de maior valor agregado, sem perder a essência do atendimento próximo.
Lojista | Quais são os principais fornecedores da Guido hoje?
Geninho | Também trabalhamos muito com empresas de Ubá-MG, como Lopas, Cimol, Itatiaia e outras. No estofado, destacam-se a Ferrari e a Bianchi. A Rafana é nossa principal fornecedora na linha de maior valor agregado.
Lojista | E qual sua visão para o futuro do varejo de móveis?
Geninho | Participo de muitos eventos e sempre ouvi que o físico iria desaparecer. Discordo. A loja física vai se fortalecer, mas com foco em humanização. Hoje temos até equipe para escutar os clientes, porque às vezes a pessoa só quer ser ouvida. A digitalização é essencial, mas ela não pode eliminar o calor humano. Vamos seguir investindo nisso: tecnologia com alma.
Siga o Instagram da Revista Móbile 360° para não perder nenhuma novidade!