Especialista fala da importância da tecnologia no mercado moveleiro
Anderson Rios, consultor do mercado moveleiro, fala sobre orientação adequada aos empresários brasileiros para terem sucesso na aplicação de capital
Publicado em 3 de maio de 2024 | 08:24 |Por: Everton Lima
As empresas brasileiras seguem investindo na digitalização dos seus processos – e o mercado moveleiro não fica para trás. A edição mais recente da pesquisa Sondagem sobre Transformação Digital das Empresas, conduzida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), mostra o indicador do estudo acima de 116,4 pontos.
Sempre que o índice está acima de 100 pontos, considera-se um cenário médio positivo em relação ao tema. Contudo, comparando os dados atuais com os de cenários anteriores, houve uma queda nos investimentos.
“As seguidas retrações do investimento nas contas nacionais apontam perda de competitividade e dificultam ainda mais a retomada, principalmente em digitalização. Esses fatores somados reforçam a necessidade de políticas e estratégias bem delineadas para impulsionar a transformação digital no País de forma sustentável e abrangente”, destaca o analista de produtividade e inovação da ABDI, Raphael Ribeiro.
No entanto, o volume de investimentos em tecnologia realizados pelas microempresas tem ficado abaixo da média nacional, indicando dificuldades das empresas desse porte em seu processo de digitalização.
“As MPEs têm uma natureza considerada mais cautelosa por operarem, em geral, com recursos mais limitados e com maior restrição de alcance de atuação, quando comparadas com as grandes empresas. Além disso, podem não ter acesso fácil a capital ou a expertise necessária para implementar e gerenciar soluções digitais mais avançadas”, explica Ribeiro.
No último trimestre do ano passado, o setor de móveis e eletrodomésticos foi o que mais investiu em tecnologia: 30,3% das empresas analisadas aumentaram o volume de investimentos. Apenas 8% reduziram e 9,4% não realizaram investimentos do tipo. Em 52,3% dos casos analisados, não houve alteração no volume de investimentos em tecnologia.
Consultoria pode ajudar o mercado moveleiro
Anderson Rios é consultor do mercado moveleiro e defende que fabricantes, marcenarias e lojistas devem investir na melhoria de seus processos. No entanto, ele argumenta que o foco não deve ser apenas no Retorno Sobre o Investimento (ROI), uma vez que um crescimento desordenado pode prejudicar a estratégia.
“As empresas que investem em tecnologia costumam ter um aumento real na sua capacidade produtiva de 25% em média ao ano. Porém, se esse investimento não for muito bem-planejado, pode ter um efeito contrário, causando prejuízos às empresas.”
O consultor ainda afirma que o receio de muitas empresas ao investirem em modernização vem de traumas e prejuízos de experiências passadas, como a compra de maquinário que não trouxe benefícios. Todavia, esse cenário também é fruto da insistência de muitos gestores em investirem sem a ajuda de um consultor.
“Esse comportamento acontece porque falta um trabalho sério buscando mostrar ao empresário que investir em tecnologia não é custo e sim investimento. Também podemos citar situações que são muito corriqueiras no nosso mercado, como máquinas que foram compradas sem planejamento prévio, sem um estudo de necessidades e que acabaram por ficar encostadas em um canto qualquer”, sublinha Rios, explicando que é comum encontrar marcenarias com coladeiras automáticas paradas enquanto marceneiros continuam bordando seus móveis de forma manual.
“Imagine o dono de uma marcenaria que investiu R$ 120.000,00 nela e não consegue enxergar o ganho de produtividade que esse equipamento proporciona? Essa situação não só traz frustração ao empresário como colabora para inibir o ímpeto em investimentos de tecnologia em outros setores da empresa que também necessitam de melhoria como PPCP, softwares de projetos, entre outros”, explica.
Mudança de mentalidade empresarial é necessária
Rios confessa que uma das suas missões é a de ajudar os empreendedores a terem uma postura mais pragmática em relação às aplicações de capital em tecnologia.
“Nós lutamos incansavelmente para tentar auxiliar o mercado nessa mudança de cultura. Temos conseguido resultados muito interessantes investindo em conteúdos relevantes sobre o tema nas nossas redes sociais. Vejo, também, que a indústria tem investido em treinamentos para que seus representantes possam atuar como consultores capazes de orientar da melhor forma possível aquele empresário que busca aumentar sua capacidade produtiva e a sua lucratividade”, conta.
Brasil se destaca na América Latina, mas segue atrás de países desenvolvidos
O consultor ainda elogia o fato de que as empresas brasileiras são exemplos de digitalização para os vizinhos latino-americanos, mas reconhece que isso não significa que o trabalho pode ser considerado encerrado.
“Se compararmos nosso mercado com nossos vizinhos aqui da América do Sul, nós estamos à frente. Países como Colômbia, Chile e Uruguai começam a olhar com mais atenção para as tecnologias do nosso setor. Porém, ainda muito aquém do que é feito no Brasil”, pontua o consultor.
“Agora, se compararmos o Brasil a países como Estados Unidos, Itália, Espanha, França, nós estamos muito atrás do que é feito nesses mercados. Esses mercados já alcançaram um nível de maturidade onde eles entendem que investimento em tecnologia é algo que deve ser pensado como investimento contínuo, com planos anuais de investimento em tecnologia, e não como ainda é feito aqui no Brasil, onde a maioria dos empresários só investem em tecnologia para tentar sanar problemas pontuais e situações emergenciais”, opina.
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Pequenas Empresas brasileiras estão usando IA
Um estudo realizado pela Microsoft mostra que 74% das pequenas empresas brasileiras já utilizam alguma solução de Inteligência Artificial (IA). Entre as motivações, 61% dizem querer melhorar a satisfação e atendimento ao cliente; 54% buscam eficiência, produtividade e agilidade; 46% querem garantir a continuidade dos negócios e 40% não querem ficar atrás dos concorrentes.
“O Sebrae entende a necessidade cada vez maior da adoção da IA por parte das MPEs, como diferencial competitivo nesse mercado tão acirrado. Nós já temos um programa chamado Agente Local de Inovação (ALI), que auxilia o empresário a identificar os principais gargalos na empresa e o ajuda na resolução desses problemas utilizando diferentes tecnologias. O empresário que for selecionado para participar do programa ALI Transformação Digital, recebe um voucher de R$ 2 mil para auxiliar nas primeiras contratações tecnológicas”, aponta o analista técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN), David Gois.
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