Exportações de móveis recuam em 2023

O ano de 2023 foi marcado por desafios significativos para a indústria brasileira de móveis e colchões, bem como nas exportações de móveis que foram impactadas pela instabilidade econômica no mercado global, fechando o ano com recuo de 11,4% no faturamento em relação a 2022.

Os dados são revelados na Conjuntura de Móveis, estudo desenvolvido pelo Iemi com exclusividade para a Abimóvel (Associação Brasileiro das Indústrias do Mobiliário), mostrando o panorama tanto da produção e das vendas no mercado interno, como das exportações e importações no setor moveleiro.

As exportações de móveis e colchões brasileiras ganharam força no último mês de novembro, quando cresceram 10,4% sobre o mês anterior. No mês de dezembro, porém, período atípico, com apenas 15 dias úteis no comércio exterior, houve recuo de 10,3% em receita. Ainda assim, o resultado ajudou a minimizar a retração acumulada no ano.

Nesse contexto, o acumulado de 2023 (janeiro a dezembro), como citado, apresentou um recuo total de 11,4% na receita das exportações moveleiras, que totalizaram US$ 735,3 milhões em vendas para o mercado externo no decorrer do ano.

Isso significa algo próximo a R$ 3,7 bilhões na conversão atual (primeira semana de fevereiro de 2024), porém menor que os US$ 830,7 milhões conquistados em 2022. O recuo, porém, não afetou a balança comercial no ano, que seguiu positiva, com um superávit de mais de US$ 500,9 milhões no setor.

Cenário internacional e impactos

O cenário de altos e baixos foi impulsionado especialmente pela queda na demanda em alguns dos principais mercados acessados pelo Brasil, como os Estados Unidos, que sofreram com as políticas locais de elevação de juros para combater a inflação e outros desafios do consumo pós-pandemia. O país, contudo, segue como o principal importador de móveis brasileiros, tendo sido o destino de 31,9% do total exportado pela indústria moveleira nacional em 2023.

Vivenciando uma aparente retomada econômica, com o PIB (Produto Interno Bruto) estadunidense crescendo acima do esperado no último trimestre do ano passado. A Abimóvel e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), parceiras no desenvolvimento do Projeto Setorial Brazilian Furniture, seguem confiantes no potencial da região como um parceiro comercial forte e maduro, organizando importantes ações com foco no mercado norte-americano.

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Entre as principais delas está a participação na ICFF (International Contemporary Furniture Fair), que ocorre em Nova York. As equipes do projeto, aliás, já se preparam para a edição deste ano, que ocorre entre 19 e 21 de maio de 2024, com a presença já confirmada de 25 empresas brasileiras associadas ao projeto.

Em 2023, 26 marcas brasileiras participaram da Missão Comercial ICFF, promovida a partir do Brazilian Furniture. Entre a exposição de produtos e rodadas de negócios com compradores internacionais, a ação resultou em 3.358 contatos, sendo 87,3% deles novos parceiros comerciais, gerando aproximadamente US$ 106,8 milhões em negócios imediatos ou prospectados para os 12 meses seguintes.

Destinos das exportações de móveis e colchões

Por falar em parcerias estratégicas, aliás, dentre os países que mais ampliaram suas importações de móveis e colchões brasileiros, o destaque do ano passado ficou para o Uruguai, com um aumento de 16% em relação a 2022 e participação total de 10,9% ao longo do ano.

Tal quadro, com países de diferentes regiões e continentes configurando-se entre os dez principais destinos das exportações de móveis e colchões brasileiros, demonstra a importância da diversificação de mercado para a manutenção do comércio exterior no setor.

“O setor moveleiro nacional cumpre um papel estratégico para o País, ao contribuir com o equilíbrio e o posicionamento da economia e da indústria brasileira no mercado interno e global, gerando empregos e sendo responsável pelo desenvolvimento de produtos com design e materiais originais, que foram exportados para mais de 180 países apenas em 2023”, fala a diretora-executiva da Abimóvel e gerente do Projeto Brazilian Furniture, Cândida Cervieri.

Ela reforça: “É fato que o ano que passou tenha sido um ano de ajustes e aprendizados para nossa indústria. Estamos, contudo, analisando estratégias para superar esses desafios, incluindo a busca por inovações que nos diferenciem e incrementem nossa competitividade. Mantendo-nos sempre comprometidos em inserir o design, a sustentabilidade, bem como a diversidade e a qualidade material do mobiliário brasileiro em cada vez mais mercados, levando a marca do Brasil para o mundo”.

Exportações de móveis em 2024

O novo ano, no entanto, traz perspectivas mais animadoras, seguindo as análises de mercado realizadas durante a pandemia, que já previam uma restabilização e retomada mais significativa apenas a partir de 2024. Projeções, porém, que dependem do cenário econômico e geopolítico no Brasil e no mundo.

Mais especificamente do controle inflacionário na cadeia produtiva de móveis e colchões, o que se relaciona também a questões como a Guerra na Ucrânia, a escalada do conflito entre Hamas e Israel, seguida pelos conflitos no Mar Vermelho, além do comportamento da economia e da produção industrial na China, entre muitas outras situações que impactam diretamente nos preços das commodities internacionais, e que não podem ser ignoradas quando falamos no desempenho ou nas projeções da indústria.

Geração de valor como estratégia

“A competitividade do Brasil na produção de móveis, especialmente de madeira, é incontestável e as empresas brasileiras devem apostar no crescimento da sua veia exportadora, no longo prazo, tomando o cuidado de se posicionarem como fornecedoras de produtos com alta diferenciação e design, não apenas orientados por preço”, aconselha Marcelo Prado, diretor do Iemi, empresa de pesquisa de mercado parceira da Abimóvel.

“O setor possui estrutura produtiva e know-how para criar produtos capazes de gerar muito mais valor para os produtores nacionais e de grande atratividade para os consumidores internacionais. Algumas empresas, apoiadas pelo Projeto Brazilian Furniture, por exemplo, já mostraram o caminho e os prêmios de design alcançados lá fora, comprovando o potencial e a eficácia dessa estratégia”, acrescenta.

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Realizado pela Abimóvel em parceria com a ApexBrasil, o Brazilian Furniture é uma iniciativa chave para aumentar a competitividade do setor moveleiro tanto no mercado interno quanto no exterior, com foco na otimização de processos; no desenvolvimento de produtos de maior valor agregado que unam qualidade, gestão sustentável e design integrado à indústria; bem como buscando meios de melhorar o ambiente de negócios ao decorrer da cadeia produtiva.

Para isso, o projeto envolve a participação em Feiras Internacionais, Missões Comerciais, Projeto Imagem junto à imprensa internacional, Projeto Comprador com contatos comerciais de mercados-alvo, além da promoção do Design Brasil + Indústria, do programa de sustentabilidade, o Simb, e muito mais.

“Em 2024, continuaremos a participar de eventos globais importantes, como as Semanas de Design de Milão e de Nova York, além de outras ações planejadas para fortalecer a presença do móvel brasileiro no cenário internacional. Estas iniciativas são fundamentais para promover nossas marcas, aumentando a participação do Brasil no mercado global e, consequentemente, as margens de produção e vendas das empresas associadas, incentivando-as a inovar e a constantemente buscar maneiras de se desenvolver e se atualizar”, finaliza Cândida.