Design, tecnologia e estratégias de mercado movimentam a Movelpar 2019
Especialistas no setor moveleiro destacaram suas observações quanto aos produtos apresentados na feira de móveis de Arapongas (PR)
Publicado em 21 de março de 2019 | 14:09 |Por:
A 12ª edição da feira de móveis Movelpar chega nesta quinta-feira (21) ao seu último dia apontando não apenas para as tendências do consumo no setor moveleiro, mas também o comportamento das indústrias do polo moveleiro de Arapongas (PR) no que se refere ao design, tecnologias e estratégias de mercado. As mais de 200 marcas de móveis alocadas no Expoara Centro de Eventos apostaram em lançamentos para 2019 e demonstraram uma renovada preocupação com as recentes demandas e estilos de morar.
Especialistas em design do setor moveleiro entrevistados pelo Portal eMóbile destacaram a funcionalidade dos produtos apresentados na feira de móveis, a incorporação de novas tecnologias e maior atenção à estética do mobiliário como chaves do evento. A curadora geral do Prêmio de Design Movelpar e jornalista especializada em design, Mônica Barbosa, por exemplo, identificou um movimento de “adequação” por parte das fabricantes de móveis.
– Lojistas comentam os produtos expostos na Movelpar 2019
“Está bem nítida uma preocupação da indústria da região de Arapongas com a funcionalidade dos produtos, com objetivo de adequá-los às moradias do Brasil, principalmente as que estão cada vez menores, com espaços que exigem a multifuncionalidade. Outra característica é o cuidado com a sustentabilidade. Por último também uma atenção à beleza: um propósito estético que traz mistura de materiais e design de superfície com o objetivo de deixar o produto mais amigável”, comentou a jornalista.
Confira a galeria de fotos da feira de móveis Movelpar 2019
O consultor Nilson Violato observa também um movimento de adaptação da indústria às novas demandas de mercado em termos de mobiliário adaptável, flexível e multipropósito. Ele identifica também na feira de móveis a incorporação de tecnologias digitais, o que vem se tornando cada vez mais comum conforme o preço desses recursos reduzem. Os exemplos são sofás e colchões com entrada USB e dispositivo bluetooth, nanossensores e novas camadas de resina.
“Também ficou claro, por exemplo, que os importadores das rodadas de negócios estão pedindo produtos que possam ser trabalhados no e-commerce. Nisso não se modifica o produto em si, mas o trabalho da embalagem, que se torna um novo serviço a ser agregado. No fundo se trata disso: os negócios no setor moveleiro terão que se reformular para atender novos serviços, e não apenas novos produtos”, complementou Violato.
Ficou claro que os importadores das rodadas de negócios estão pedindo produtos que possam ser trabalhados no e-commerce
O posicionamento estratégico das expositoras no mercado moveleiro também foi destacado por quem atua no setor moveleiro. A empresária Claudia Lens, que liderou o Instituto de Madeira e Mobiliário do Senai-PR, afirma que as grandes indústrias seriadas aparentam estar em uma “zona de conforto”, com receio de arriscar, ao passo que as pequenas movelarias ousaram no mobiliário exposto na Movelpar 2019.
“As pequenas arriscaram mais, no design do produto, no uso da matéria-prima, nas formas, na usinagem, incluindo processos que para as grandes seriadas pode tornar o preço do produto inviável. Quem tá começando agora não tem medo, mas quem está no mercado estabilizado pagando as contas, sente um pouco mais de dificuldade neste aspecto”, opinou.
Violato, por sua vez, concorda que muitas empresas ainda estão “sentadas em cima de seus antigos modelos de negócio”, mas também enxerga que outras estão agregando novos valores ao seu produto final. “Algumas já contam com escritórios de design e inovação, dentro ou fora da fábrica. Entretanto, há empresários que ainda não se mediram por esta métrica. Estes não perceberam como a economia vai funcionar”.