Sindicatos moveleiros avaliam medidas do governo federal
Entidades comentam reformas, manifesto da Abimóvel e avaliam medidas do governo federal em meio à pandemia
Publicado em 30 de abril de 2021 | 08:00 |Por: Thiago Rodrigo
No mês de março, completou um ano que estamos vivendo a pandemia de coronavírus. Na edição da Móbile Fornecedores 306, de abril, retratamos um panorama do mercado de móveis, com os sindicatos moveleiros avaliando os resultados do setor moveleiro em 2020 e as perspectivas para 2021. Agora, elas analisam a carga tributária, as medidas do governo federal para com a indústria brasileira em meio à pandemia e o manifesto da Abimóvel.
– Presidente da Abicol participa do Móbile Talks
Ilseo Rafaeli, presidente do Sindicato da Indústria Madeireira e Moveleira do Vale do Uruguai (Simovale), aponta que existe a necessidade da intervenção do governo federal com auxílio para as classes mais pobres e desempregados. “Isso faz toda a diferença [ano passado], e de alguma forma aquece a economia como um todo”, afirma. Para ele, algo que o governo federal precisa intervir, de alguma forma, é no abastecimento interno. “Muito do nosso insumo básico está sendo exportado e nossa indústria está sendo diminuída e enfraquecida”, destaca.
Pronampe não cumpre objetivo
Além das já conhecidas medidas para toda população como o auxílio emergencial, o setor industrial ganhou o Pronampe para facilitar o acesso ao crédito. No entanto, a ferramenta não cumpriu seu objetivo. Os bancos que intermediam a negociação fazem exigências muito altas para liberar os recursos, como capital para giro.
“Medidas como o Pronampe foram bem razoáveis para ajudar as indústrias a superar esse momento de incertezas. O problema foi a dificuldade encontrada, especialmente pelas pequenas empresas, de conseguir acesso aos programas de governo”, conta Fernando Hilgenstieler, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul (Sindusmobil).
Vinicius Benini, presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), corrobora que Pronampe e FGI – essa sendo outra linha de crédito destinadas a dar fôlego às indústrias – não tem tido fácil acesso.
Medidas do governo federal
Para Hilgenstieler, o “custo Brasil” chegou ao seu limite. “O descontrole dos gastos públicos tem trazido enormes dificuldades aos brasileiros e, particularmente, impostos desafios quase instransponíveis aos empreendedores, seja pelos custos crescentes, burocracia exagerada, crédito de alto custo e instabilidade econômica. Precisamos mostrar nossa união de pensamento e nossa força econômica e social para apontar as dificuldades, apresentar soluções, cobrar responsabilidades e acompanhar atenta e permanentemente as ações do legislativo, judiciário e executivo nacionais”, afirma.
Irineu Munhoz, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas do Paraná (Sima), crê que o governo federal está fazendo o possível com suas medidas. “Esse governo tem mostrado que está na direção certa, nosso problema é o sistema altamente burocrático e dependente de muitas instâncias para promover pequenas mudanças, pois seria essencial para a indústria um estado menos oneroso, mais ágil, para isso necessitamos das reformas administrativa, tributária e política”, considera.
Bruno Barbieri Rangel, presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo (Sindimol), afirma que os incentivos do governo foram importantes no início da pandemia. “O acesso a linhas de crédito especiais e às oportunidades de férias coletivas, suspensões de contrato e redução do tempo de jornada contribuíram para que muitas empresas pudessem reorganizar seus processos”, assinala.
Pierre Alain Stauffenegger, presidente do Sindicato da Indústria do Mobiliário de São Paulo (Sindimov), diz que com relação ao Governo Federal, necessita urgentemente das reformas administrativas e tributárias, enquanto do governo estadual, no caso São Paulo, o cancelamento do aumento de impostos.
A carga tributária é sempre uma questão relevante para o setor moveleiro, mas no momento não é o pior entrave que o setor moveleiro vem enfrentando. Vinicius Benini avalia que as medidas emergenciais adotadas no ano passado certamente evitaram o pior, mas não lidaram com as dificuldades estruturais da indústria brasileira.
“Uma das agendas mais importantes para a indústria é a reforma tributária. No entanto, há uma grande preocupação com o seu andamento. O que se tem feito nesse sentido, somado às questões de melhorias no ambiente de negócios e infraestrutura parece muito tímido frente às grandes dificuldades do país”, opina Vinicius Benini.
Sindicatos moveleiros comentam manifesto
Em meio às demandas por reformas por parte dos sindicatos, a Abimóvel divulgou um manifesto em prol delas. O objetivo é de reiterar a necessidade de reformas urgentes para o avanço de um país mais justo, igualitário, desenvolvido e de oportunidades para todos, segundo a associação. Os líderes sindicais comentaram a ação.
“Acho excelente uma vez que precisamos, cada vez mais, unir esforços e otimizar recursos. As reformas são extremamente necessárias e dão um pontapé inicial para mudanças fundamentais para o nosso progresso. Seja para geração de empregos, rapidez nas mudanças e principalmente reduzir gastos públicos”, assinala Vinicius, do Sindmóveis Bento Gonçalves.
“É imprescindível para a competitividade da indústria nacional e, consequentemente, para a sustentabilidade do país como um todo, o controle urgente dos gastos públicos e ações efetivas para o controle da dívida pública. A Abimóvel, como representante oficial da indústria moveleira, deve se posicionar sempre de forma contundente para defender os interesses do setor e da sociedade em geral”, diz Fernando Hilgenstieler, do Sindusmobil.
“A Abimovel é nossa entidade Master, tudo que seus dirigentes fazem ou propõe é estudado e discutido com o setor moveleiro. Nada mais justo ou necessário da entidade defender e levar ao conhecimento das autoridades o que acontece e o que precisa ser alterado. Inclusive com propostas muito bem-postas e esclarecedoras”, afirma Rafaeli, do Simovale.
“A Abimóvel está atenta e sempre buscando o diálogo com o governo no sentido de melhorar o ambiente de negócios de forma que traga mais competitividade ao nosso setor. Podemos crescer muito ainda nas exportações, mas para isso precisamos de menos burocracia, desoneração da produção e melhorias substanciais na logística, nos modais de transporte”, opina Munhoz, do Sima e vice-presidente da Abimóvel.
“A Abimóvel vêm desempenhando um papel muito importante neste momento com relação à defesa dos interesses do setor. A interface com o governo federal é de grande valia”, pontua Stauffenegger, do Sindimov-SP.